El Niño, do excesso de chuvas na A.do Sul à seca no Sudeste Asiático

  • Por Agencia EFE
  • 21/07/2015 10h24

Gaspar Ruiz-Canela.

Don Chedi (Tailândia), 21 jul (EFE).- El Niño, um fenômeno meteorológico que altera o equilíbrio no oceano Pacífico, ameaça acentuar as secas no Sudeste Asiático, após elevar os alertas por excesso de chuva em partes da América do Sul.

Os especialistas alertam que a seca causada pelo fenômeno na primeira dessas regiões durante a primeira metade do ano possa se prolongar por vários meses, com consequências desastrosas.

A Tailândia acredita que este ano seu PIB terá redução de 0,52% devido à queda das colheitas por causa da escassez de chuvas, enquanto Indonésia e Filipinas estimam que seus setores agrícolas sofrerão perdas milionárias.

Nom, uma tailandesa octogenária na província central de Suphanburi, lamenta que a primeira colheita de arroz do ano já tenha sido perdida e a segunda está em risco, se as chuvas não chegarem.

“Não me lembro de uma seca assim em pelo menos 20 anos”, explicou à Agência Efe a mulher, sentada no alpendre de sua casa, situada entre campos de arroz e perto de um canal no qual restam apenas alguns charcos no distrito de Don Chedi, ao norte de Bangcoc.

Na opinião de Nom, se conseguirem realizar a segunda colheita este ano, sua família, que tem cinco membros, poderá ter um lucro de 50 mil bats (cerca de US$ 1.400) com a venda do grão produzido em 1,44 hectar de campo cultivado.

As fendas na terra seca se destacam em alguns campos, mas inclusive outros que estão mais verdes na realidade não amadureceram o suficiente e também estão perdidos.

Os agricultores tailandeses, que em muitas partes do país produzem duas colheitas anuais, lamentam os baixos preços do arroz e as dívidas que adquirem devido à compra de insumos e maquinaria.

Alguns usam bombas nos canais para tirar água, mas as autoridades estão dando prioridade a garantir o consumo nos lares, com a esperança de que em agosto aumentem as precipitações e o problema seja aliviado.

“Todos os anos usamos água do canal quando não há chuva, mas este ano é especialmente seco, inclusive a água dos canais está se esgotando”, relatou Suchart Nalengnit, um agricultor de 52 anos.

O governo tailandês cortou ou limitou esta semana a provisão de água aos lares em alguns distritos perto da capital, que por enquanto está a salvo.

Os cientistas assinalam que o comportamento meteorológico tem diversos fatores, mas concordam em que este El Niño acentuou as secas em parte do Sudeste Asiático.

Nas Filipinas, os agricultores obtiveram no primeiro semestre de 2015 uma das piores colheitas em anos por causa das altas temperaturas e poucas chuvas, o que levou as autoridades a declarar o estado de calamidade em pelo menos oito províncias.

A agência meteorológica filipina, a Pagasa, associou estas condições atmosféricas ao fenômeno de El Niño e predisse que perdurarão até o começo de 2016, com uma forte queda das precipitações.

Mey Virak, coordenador de pandemias e inundações do Comitê Nacional de Gestão de Desastres no Camboja, adverte que o volume do rio Mekong e do lago Tonle Sap estão abaixo de seus níveis normais.

“Algumas comunidades mal têm água, a chuva vai chegar muito tarde este ano. O Camboja precisa de água atualmente”, explicou à Efe Virak, embora sem citar expressamente El Niño.

Por outro lado, do outro lado do oceano, o Peru, país onde este fenômeno foi batizado ao relacioná-lo com a época do Natal, declarou o estado de emergência em 14 das 25 regiões do país devido ao perigo iminente de fortes precipitações.

As chuvas no Chile já causaram milhares de afetados e destruiu casas em diversas partes do país.

El Niño aquece as águas no Pacífico oriental equatorial, o que aumenta as chuvas e inundações em alguns países da América do Sul, enquanto esfria a parte ocidental do oceano, reduzindo as precipitações em parte do Sudeste Asiático. EFE

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