Começa a fase final das negociações entre Irã e Grupo 5+1

  • Por Agencia EFE
  • 29/03/2015 10h29

Lausanne (Suíça), 29 mar (EFE).- A fase final da cúpula sobre política nuclear entre Irã e o grupo G5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, mais a Alemanha) começou neste domingo na cidade suíça de Lausanne com uma reunião entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e seu colega iraniano, Mohammed Javad Zarif.

Também compareceram ao encontro o secretário de Energia americano, Ernest Moniz, e o chefe da autoridade nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi, segundo informaram fontes diplomáticas dos Estados Unidos.

A reunião durou apenas meia-hora, após a qual Kerry saiu do hotel Beau Rivage, onde são realizadas as negociações, para dar um breve passeio, cercado por dezenas de jornalistas e câmeras. Perguntado se conseguiria chegar a um acordo, só disse: “Não sei, estamos trabalhando nisso”.

O departamento de Estado americano informou neste domingo que Kerry cancelou uma viagem à sua cidade natal, Boston, para comparecer a um ato de homenagem ao falecido senador Edward Kennedy, de modo a permanecer nas negociações.

Com o mesmo objetivo, os ministros das Relações Exteriores de Alemanha e França, Laurent Fabius e Frank-Walter Steinmeier, também cancelaram uma viagem que fariam juntos ao Cazaquistão.

Enquanto os “pesos pesados” da negociação iniciaram novas rodadas de reuniões, chegou hoje à Suíça o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que até agora quase não tinha se envolvido pessoalmente nas conversas.

Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, e do russo, Sergei Lavrov, devem chegar a Lausanne nas próximas horas, o que fez aumentar a expectativa sobre uma possível conclusão das negociações nos próximos dias.

Zarif, o negociador-chefe iraniano, afirmou na noite de sábado, em mensagem publicada no Twitter, que “em uma negociação, ambas as partes devem mostrar flexibilidade”.

“Nós estamos prontos para fazer um bom acordo para todos. Esperamos a vontade de nossos interlocutores”, acrescentou o ministro das Relações Exteriores iraniano.

As partes se comprometeram a terminar as conversas antes do dia 1º de abril, quando pretendem assinar um acordo político cujos detalhes técnicos e legais seriam negociados nos três meses seguintes.

A comunidade internacional quer colocar um fim a uma década de conflito nuclear com o Irã, que é acusado de ter intenções militares por trás de suas atividades atômicas.

Qualquer acordo significa que o Irã deverá limitar os aspectos mais delicados de seu programa nuclear, como a produção de urânio enriquecido e plutônio, ao mesmo tempo que a agência nuclear das Nações Unidas possa verificar e controlar de perto todas as suas atividades, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento.

Em troca de aceitar essas limitações, as sanções internacionais que pesam sobre o Irã seriam suspensas, embora isso siga em discussão e seja um dos pontos que emperram um acordo até agora.

Os críticos desse possível pacto, como Israel, Arábia Saudita e os republicanos nos Estados Unidos, afirmam que a moratória planejada de dez anos não é suficiente.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou neste domingo, em Jerusalém, como “muito perigoso” o que chamou de “eixo” de acontecimentos em Lausanne, no Irã e no Iêmen, onde uma coalizão sunita está bombardeando um grupo rebelde xiita.

“O eixo Irã-Lausanne-Iêmen é muito perigoso para a humanidade e deve ser detido”, afirmou Netanyahu, um dos mais ferozes críticos do possível acordo nuclear com o Irã.

O Irã sempre negou que ter intenções militares com seu programa nuclear, embora as dimensões e o alcance do mesmo levantem suspeitas.

Em mais de uma década de investigações, os especialistas nucleares da ONU não conseguiram confirmar a natureza pacífica do programa atômico iraniano, também pelo fato de o Irã não cooperar na medida que a entidade exige e considera necessário. EFE

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