Nos pênaltis, estudo afirma que goleiros incorrem na “falácia do apostador”

  • Por Agencia EFE
  • 01/08/2014 02h26

Washington, 31 jul (EFE).- Quando os jogos de futebol são decididos nos pênaltis, os goleiros incorrem em um padrão de defesa conhecido como “a falácia do apostador” e seus adversários bem que poderiam se aproveitar disso, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pela revista “Current Biology”.

Para a pesquisa, intitulada “Previsibilidade assimétrica e competência cognitiva nas disputas de pênaltis no futebol”, os cientistas Erman Misirlisoy e Patrick Haggard, do Colégio Universitário de Londres, analisaram 361 pênaltis cobrados em 37 partidas da Copa do Mundo e da Eurocopa entre 1976 e 2012.

“Os esportes proporcionam demonstrações poderosas das estratégias cognitivas que fundamentam o comportamento competitivo”, escreveram os pesquisadores do Instituto de Neurociência Cognitiva.

A disputa de pênaltis para definir as partidas que terminam empatadas no tempo regulamentar “envolvem a concorrência direta entre os jogadores de elite e atraem a atenção de milhões”.

Por exemplo, o duelo de pênaltis entre Alemanha e Inglaterra na semifinal da Copa de 1990 atraiu uma audiência de quase 47% da população do Reino Unido.

Em um pênalti, o jogador de uma equipe faz uma cobrança direta para a meta a 11 passos de distância da linha do gol, o que faz com que a bola se aproxime do goleiro “rápido demais para que ele consiga reagir à direção de seu movimento”.

“O goleiro deve adivinhar qual será a direção do chute e se lançar para esse lado com a esperança de conseguir fazer a defesa”, diz o artigo.

Os pênaltis são pouco frequentes durante o decorrer de um jogo e a análise dos mesmos indica que tanto os cobradores como os goleiros utilizam uma estratégia mista e decidem ao acaso para qual lado vão chutar ou se lançar.

O estudo das cobranças de pênaltis levou os autores a concluir que os goleiros exibem nessa sequência rápida um padrão claro de comportamento em suas tentativas de conseguir a defesa.

Os investigadores registraram a direção para onde o jogador chutou a bola (esquerda, direita, centro) e a movimentação do goleiro.

“Os goleiros permaneceram no centro do gol pouquíssimas vezes (2,49%) e os chutes no meio também foram poucos (9,14%)”, explica o artigo. “Os goleiros foram quase igualmente propensos a se lançar para o lado esquerdo ou direito, assim como os jogadores foram propensos a chutar para um ou outro lado em proporções muito similares”, acrescentou.

A diferença foi registrada na direção para a qual os goleiros se lançaram durante uma disputa de pênaltis.

“Quando os cobradores chutaram a bola várias vezes na mesma direção, os goleiros se tornaram mais propensos a se lançar na direção oposta na cobrança seguinte”, acrescentaram os investigadores.

Isso é o que os cientistas chamam de “falácia do apostador”: no cassino, por exemplo, não é uma boa ideia colocar uma aposta grande em um número negro só porque houve várias rodadas de sorteio a favor dos vermelhos.

Aconteça o que o que tiver acontecido antes, os “vermelhos” e os “negros” – no caso dos pênaltis, a esquerda ou a direita – continuam tendo exatamente as mesmas probabilidades (50%) em cada nova cobrança.

Então, o que pode fazer um goleiro?

Misirlisoy sugere que os goleiros poderiam escolher uma sequência de defesas ao acaso, antes do duelo, e ater-se a ela aconteça o que acontecer. Enquanto os goleiros não fizerem isso, os jogadores poderão prever qual o lado mais provável que o goleiro vai tentar a defesa. EFE

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