Paquistão intensifica a batalha e a mensagem contra os talibãs

  • Por Agencia EFE
  • 19/12/2014 12h48

Islamabad, 19 dez (EFE).- O governo do Paquistão intensificou nesta sexta-feira sua ação contra alvos talibãs no noroeste do país, após o massacre em uma escola esta semana, e reafirmou sua mensagem de tolerância zero contra o terrorismo ao não permitir a libertação de um islamita acusado pela Índia dos atentados de Mumbai.

Com o país ainda comovido pelo ataque de um grupo talibã ao centro escolar de Peshawar, no noroeste do país, que deixou mais de 150 mortos, a maioria crianças, o governo aumentou as ações tanto aéreas como terrestres nas áreas tribais do país deixando pelo menos 53 supostos insurgentes mortos nas últimas horas.

O exército paquistanês informou em comunicado que em uma operação realizada hoje em Kongana Kamar, na província noroeste de Khyber, morreram “18 terroristas” na última de uma série de operações que estão se repetindo em áreas sob controle tribal, habitual refúgio dos talibãs.

Em outra ação informada hoje pelo menos 27 supostos insurgentes morreram ontem em um bombardeio e uma operação terrestre, enquanto três militares morreram em uma explosão nas últimas horas no noroeste do Paquistão.

O porta-voz do exército, Abid Askari, indicou que 17 dos 27 supostos insurgentes, entre eles um uzbeque, foram abatidos em um bombardeio em Khyber, dois dias depois que uma ação similar deixou 57 talibãs mortos na mesma região.

A intensificação das ações também em Baluchistão, no sudoeste do país, deixou sete insurgentes mortos e dois feridos. Entre os abatidos estava um “comandante proeminente” do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), organização talibã que reivindicou o ataque à escola de Peshawar.

O aumento de operações acontece após o duro pronunciamento do primeiro-ministro Nawaz Sharif, que reafirmou sua determinação de continuar com a ofensiva militar até “eliminar o último terrorista”.

Segundo a imprensa local, agências de inteligência paquistanesas realizaram várias operações em “zonas sensíveis” da porosa fronteira com o Afeganistão ao detectar que os insurgentes começaram a mudar seus locais de refúgio após o ataque à escola.

O TTP justificou o ataque assegurando que suas famílias são “alvos” nas operações que o exército desenvolve desde junho no Waziristão do Norte e Khyber, nas quais morreram, segundo o governo, mais de 1.100 insurgentes.

A polícia continua com as averiguações desse caso e hoje foram detidas quatro pessoas supostamente vinculadas com um cartão de telefone para o qual os terroristas ligaram durante o ataque à escola.

Enquanto aumentam as operações militares, o governo do Paquistão impediu hoje a libertação de Zakiur Rehman Lakhvi, considerado pela Índia um dos cérebros dos atentados que provocaram 166 mortes em Mumbai em 2008, um dia depois de um tribunal lhe garantir o benefício de liberdade sob fiança.

A decisão judicial, adotada por um tribunal especial antiterrorista, foi muito criticada por Nova Délhi, onde o primeiro-ministro, Narendra Modi, afirmou perante o parlamento indiano que era um “choque para todos aqueles que acreditam na humanidade”.

No entanto, o governo de Islamabad recorreu hoje à lei de manutenção de ordem pública – um instrumento legal de origem colonial que permite a detenção de pessoas acusadas de participar de protestos políticos ou de representar uma ameaça para o Estado – para manter Lakhvi na prisão por pelo menos mais três meses.

Além disso, o promotor do caso, Chaudhry Azhar, indicou à Efe que apelará da decisão de libertar Lakhvi, comandante do grupo Lashkar-e-Toiba.

Sharif tinha afirmado após o brutal massacre de terça-feira que perseguiria os terroristas “até que o último seja eliminado” e que não se distinguiria entre “talibã bom e mau”, o que levantou expectativas e dúvidas sobre sua nova política contra os insurgentes. EFE

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