Presidente da Guatemala renuncia por acusações de corrupção

  • Por Agencia EFE
  • 03/09/2015 04h59
EFE/Esteban Biba Foto de arquivo de 31 de agosto do presidente Otto Perez

O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, renunciou nesta quinta-feira ao cargo (03) a fim de “manter a institucionalidade do Executivo”.

O porta-voz oficial da presidência, Jorge Ortega, afirmou à Agência Efe que o presidente assinou a carta de renúncia às 19h (horário local, 22h em Brasília) de quarta-feira.

O objetivo, segundo o porta-voz, é “manter a institucionalidade e a ordem que corresponde dentro do Estado”, além de enfrentar “de maneira individual” o devido processo.

A renúncia do presidente está agora nas mãos do Congresso do país centro-americano, que deverá aprovar ou não sua saída, e, em caso positivo, nomear o vice-presidente, Alejandro Maldonado, como novo mandatário, segundo estabelece a lei guatemalteca.


Guatemaltecos comemoram renúncia do presidente na madrugada desta quinta (EFE/Esteban Biba)

Pérez Molina é acusado de liderar uma rede de corrupção no ente arrecadador de impostos do país e desde ontem, quarta-feira, pesa sobre ele uma ordem de captura.

O general reformado perdeu sua imunidade e privilégios na terça-feira após a votação unânime de 132 deputados, depois que o Ministério Público e a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) o acusaram de corrupção em 21 de agosto.

De acordo com a investigação de mais de 18 meses de ambas entidades, Pérez Molina supostamente dirigia uma rede clandestina dentro da Superintendência de Administração Tributária (SAT), com a cumplicidade de pelo menos 28 pessoas, entre elas a ex-vice-presidente, Roxana Baldetti, presa desde 21 de agosto.

O porta-voz presidencial acrescentou que a decisão de Pérez Molina foi difícil, mas que, apesar dela, o presidente segue defendendo sua inocência.

No entanto, argumentou que o desenvolvimento dos eventos o obrigaram a tomar esta decisão.

O juiz Miguel Ángel Gálvez, responsável pelo caso, ditou ontem quarta-feira uma ordem de detenção contra o líder.

Ortega declarou que não sabe se este foi o estopim para que Pérez Molina decidisse deixar o cargo.

Pérez Molina se apresentará

O presidente se apresentará às 8h (horário local, 11h em Brasília) de hoje de forma voluntária à Justiça, informou seu advogado César Calderón.

O advogado comentou que “não havia necessidade de ordenar sua captura” porque ele já tinha apresentado um memorando ao Juizado B de Maior Risco pelo qual o líder se punha à disposição do juiz Miguel Ángel Gálvez.

Segundo Calderón, o magistrado decidirá a que hora começará a audiência, mas assegurou que às 8h Pérez Molina se apresentará ao Poder Judiciário.

Calderón disse que a audiência de primeira declaração será para escutar, seguramente, a acusação do Ministério Público (MP) contra seu cliente, a qual será refutada, afirmou.

Alegria nas ruas

Vários grupos de guatemaltecos começaram a comemorar nesta quinta-feira a renúncia do presidente, Otto Pérez Molina, de quem foi retirada a imunidade e sobre quem pesa uma ordem de detenção, após ser acusado de liderar uma rede de corrupção aduaneira.

Os cidadãos começaram a se reunir para festejar o que consideram “um fato histórico” nos arredores da Torre de Tribunais, na capital, onde se espera que Pérez Molina se apresente à Justiça, por sua própria vontade ou obrigado pelas forças de segurança.

“Acabou, acabou, este governo militar corrupto”, “Ladrão” e “Vêm mais batalhas e vamos ganhá-las” foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, que agitavam a bandeira nacional e ouviam as buzinas dos veículos que passavam em sinal de alegria.

Foto da posição da Guatemala no globo terrestre: Wikimedia Commons

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