Roma abre bunkers de Mussolini ao público em Villa Torlonia

  • Por Agencia EFE
  • 31/10/2014 06h18

África Albalá Soria.

Roma, 31 out (EFE).- O primeiro bunker que o ditador Benito Mussolini mandou construir em sua residência na Villa Torlonia, em Roma, para se refugiar dos bombardeios aliados na Segunda Guerra Mundial, finalmente abre suas portas ao público.

Até então uma entrada oculta entre a vegetação do complexo era o único indício deste refúgio que os visitantes podiam observar ao percorrer o que foi o domicílio do “Duce” entre 1929 e 1943.

No interior do bunker, um estreito corredor conduz a um pequeno hall e dois pequenos quartos, onde na época de Mussolini tinha uma escrivaninha, uma pequena cama dobrável e um telefone para se comunicar com o exterior.

“Este refúgio foi construído em 1940 nas antigas adegas da vila, a quatro metros de profundidade, e foi adaptado para proteger Mussolini e sua família de possíveis ataques inimigos durante a guerra”, explicou o vice-presidente do Centro de Pesquisa Espeleoarqueológica Subterrânea (CRSA) de Roma, Alfonso Díaz.

Apesar da aparente austeridade do recinto, de apenas 80 metros quadrados, o refúgio contava com uma sofisticada instalação de ventilação, um gerador de eletricidade, duas saídas de emergência e portas duplas que garantiriam a segurança dos ocupantes em caso de ataques com gás.

No entanto, o bunker, escondido sob um pequeno lago do complexo, foi rapidamente descartado pelo “Duce” por não oferecer as garantias de segurança necessárias e mandou construir um segundo, mais bem equipado e mais perto da residência.

“Uma das principais queixas de Mussolini com relação ao primeiro refúgio era que o acesso estava afastado demais do Cassino Nobile, a parte da vila em que vivia. Por esse motivo mandou escavar outro”, declarou Díaz.

Este segundo bunker, que também poderá ser visitado, depois de permanecer seis anos fechado, fica exatamente abaixo da residência do ditador italiano e ocupa as antigas cozinhas do domicílio.

“Pelos documentos que encontramos, acreditamos que este tenha sido o único refúgio dos três que Mussolini verdadeiramente chegou a usar para se proteger dos bombardeios a Roma”, disse o responsável do CRSA.

Pouco tempo depois, em plena da guerra, este segundo refúgio também foi considerado insuficiente pelo ditador italiano, que ordenou a escavação de um terceiro, também aberto ao público durante o tour.

“O segundo refúgio ficava bem abaixo da casa, o que o tornava um alvo fácil para as bombas. Por isso, Mussolini encomendou outro em que fossem empregadas as últimas tecnologias em segurança”, contou o vice-presidente do CSRA.

Este terceiro e último bunker, que nunca chegou a ser totalmente construído, estava a seis metros de profundidade e tinha um acesso pelo interior da residência do “Duce”.

Com paredes de concreto armado de quatro metros de espessura e duas saídas de emergência, este refúgio mais moderno tinha tecnologia suficiente para garantir a segurança e o bem-estar do ditador e de sua família no interior.

Na visita aos bunkers é possível ouvir reproduções das sirenes que soavam em toda a cidade quando havia ataques aéreos e uma transmissão de rádio da época.

O percurso também mostra, através de painéis noticiários e fotografias, documentação sobre a família do “Duce” e de como a cidade de Roma enfrentou a Segunda Guerra Mundial.

O público pode ler fragmentos de um diário de Mussolini e conhecer detalhes da “Operação Dux”, plano inglês para assassinar o ditador italiano com um bombardeio à Villa Torlonia e ao Palazzo Venezia. EFE

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