Defendemos o que precisa ser feito, diz Amôedo, cuja bandeira é o livre mercado

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/03/2018 12h16
Reprodução/Facebook A proposta de privatizações, lembrou, é uma das que enfrenta mais resistência na sociedade
O pré-candidato à Presidência da República pelo Partido Novo, João Amoêdo, defendeu nesta quinta-feira, 22, sua principal bandeira na corrida eleitoral, que é levar as regras do livre mercado para o poder público. Ele afirmou que, em um eventual governo, privatizaria todas as empresas estatais.

“O principal princípio do partido é devolver o poder ao cidadão”, disse Amoêdo, em debate promovido pelo portal Money Report, na capital paulista. “Não queremos cair no erro de falar o que as pessoas querem ouvir, mas falar o que deve ser feito.”

A proposta de privatizações, lembrou, é uma das que enfrenta mais resistência na sociedade. “Na nossa ideia, o governo não deve ter empresa nenhuma. A ideia é privatizar todas as empresas ” Ele disse que a existência de estatais obriga o cidadão a ser acionista de empresas, promove indicações políticas e diminui a qualidade da gestão das companhias.

Na Petrobras, argumentou, a proposta de privatizar a estatal já é mais aceita na sociedade. “O Estado maior trouxe um volume de desemprego alto, uma educação que não funciona, uma saúde que não consegue atender e 1 mil assassinatos por hora.”

Ele afirmou que a principal proposta do seu partido é “transferir o poder do setor público para as pessoas.” “Sabemos que esse é um ponto que teremos resistência, vamos ter que enfrentar, mas é um comprometimento de falar aquilo que achamos que é correto, e não o que as pesquisas apontam, se não vira mais do mesmo”, declarou.

Amôedo defendeu ainda, reformas previdenciária e tributária, medidas que ainda serão formatadas detalhadamente. O economista Gustavo Franco, é um dos conselheiros econômicos do pré-candidato.

O pré-candidato, que é fundador do Partido Novo, defendeu ainda a volta do financiamento privado de campanhas, mas com fiscalização ampla e limites de acordo com os gastos dos candidatos. O partido, esclareceu, é contra qualquer transferência de recursos públicos para partidos políticos.

Para a reforma política, Amoêdo afirmou que é preciso estabelecer o voto facultativo do País. “É a mesma regra do livre mercado: liberdade com responsabilidade”, justificou.

O presidenciável propôs a execução de medidas para diminuir a carga tributária e abrir as barreiras alfandegárias do comércio exterior. Na educação, a ideia é considerar a cobrança de mensalidade no ensino superior para quem pode pagar e implantar um sistema meritocrático de avaliação de professores.

Congresso

Amoêdo informou que o Novo pretende lançar de 350 a 360 candidatos à Câmara dos Deputados nestas eleições. A meta é eleger 35 parlamentares, ou seja, 7% da Casa.

Ele citou que será um desafio negociar com o Congresso uma pauta pouco popular defendido pelo partido. “Essa negociação tem que ser feita de forma transparente, mostrando quais são os interesses da população e não atender a um fisiologismo no Congresso. Se acontecer isso, a ideia é explicitar para a população”, comentou.

O Novo tem hoje quatro vereadores no País, em São Paulo, no Rio, em Porto Alegre e Belo Horizonte. Ele disse que os parlamentares já aplicaram redução de custos em seus mandatos e defendem a agenda de desburocratização e do livre mercado nas Câmaras municipais. “Todos os candidatos fizeram campanhas baratas e todos os eleitos cortaram 70% do número de assessores e no mínimo 50% das verbas de gabinete.”

O partido promoveu um processo seletivo para selecionar os candidatos às eleições deste ano, que contou com cerca de 900 inscritos.

Campanha

João Amôedo citou que espera ter aproximadamente 7 segundos de propaganda eleitoral no rádio e na TV. A estratégia, segundo ele, será trabalhar pelas redes sociais. “No horário eleitoral, só vai dar tempo para dizer: se depender do Novo, você nunca mais vai ver horário eleitoral na sua casa”, brincou, sendo aplaudido em seguida por uma plateia formada por empresários.

BC

Defendendo um sistema de autonomia do Banco Central, João Amoêdo propôs desvincular os mandatos do presidente da autoridade financeira e do presidente da República. Em um eventual governo, ele afirmou que convidaria o economista Ilan Goldfajn para ficar na presidência do BC por mais dois anos, a partir de 2019. “Este seria um compromisso, eu gostaria de mantê-lo”, disse Amôedo, durante o debate.

A uma plateia composta por empresários, Amôedo, que fez carreira como executivo do mercado financeiro, disse que decidiu lançar sua pré-candidatura por acreditar na renovação de ideias e lideranças na política brasileira.

Respondendo a uma crítica por não ter tido experiência na gestão pública, o presidenciável afirmou que isso seria prejudicial, e não favorável, por causa dos vícios do setor público. Por essa razão, argumentou, não se filiou a nenhum partido existente antes do Novo.

Mesmo nunca tendo exercido um cargo público ou se lançado como candidato, o presidenciável alertou para o risco da eleição de um outsider no País. “Não pode ser só um novo nome, fico preocupado se um nome novo vier para fazer as mesmas práticas utilizando o mesmo sistema”, disse o pré-candidato. “Não é questão de nome, é questão de práticas”.

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