Aos 50 anos, Juliette Binoche demonstra que rugas são adicionais em Cannes

  • Por Agencia EFE
  • 23/05/2014 12h34

Alicia García de Francisco.

Cannes (França), 23 mai (EFE).- A atriz francesa Juliette Binoche, que completou 50 anos recentemente, demonstrou nesta sexta-feira em Cannes que a experiência relacionada à idade e as rugas são adicionais de veracidade e de expressividade para seus papéis.

Neste aspecto, Binoche se mostra como uma atriz que não se importa com a passagem do tempo em “Clouds of Sils Maria”, de Olivier Assayas, que disputa a Palma de Ouro no Festival de Cannes e no qual ela se posiciona como uma das favoritas ao prêmio de melhor ator atriz, o mesmo que ganhou em 2010 por “Cópia Fiel”, de Abbas Kiarostami.

“Imagina interpretar o papel de alguém de 20 anos aos 40”, assinalou Binoche, sem deixar de sorrir, ao falar sobre sua personagem no filme de Assayas, o de uma atriz que não assume que não pode interpretar os mesmos personagens de 20 anos atrás.

Segundo a atriz, essa passagem de tempo não representou um problema para ela.

“Aprendemos questões cruciais enquanto envelhecemos. Enquanto o tempo passa, ocorre uma alquimia interior. É a vida que nos esculpe”, afirmou a atriz ao acrescentar aliviada: “felizmente mudamos”.

Embora tenha uma carreira invejável, Binoche assegura que não tem seu olhar no passado e, por isso, se mostra como uma fervorosa defensora do presente, fato que, segundo ela, o cinema lhe ajuda muito.

“O cinema sempre me faz questionar porque nunca sei o que vou interpretar e nem como vou fazer”, disse Binoche, que assegurou que “é preciso ter os pés no chão, mas também imaginar, sonhar e se divertir”, como ela fez durante toda a entrevista coletiva.

Na ocasião, ela dava risada de qualquer brincadeira feita pelos atores ou jornalistas, perante os quais havia posado minutos antes com uma disponibilidade absoluta para saltar, sorrir e fazer mil e uma poses.

Com calças de couro, jaqueta preta e camisa branca, Binoche se mostrou totalmente natural perante os fotógrafos, espontânea, com pouca maquiagem e cabelo penteado pelo vento.

Trata-se de uma atriz que sempre procura o novo. “A repetição me aborrece muito”, disse. Como exemplo, ela citou que, após o êxito de “A Liberdade é Azul”, passou a receber muitos roteiros similares sobre a morte, embora não tenha feito nenhum deles.

“Eu não penso no futuro, o futuro vem em sua direção. É uma questão de estar no lugar adequado e de confiar”, assinalou a atriz.

Em relação a sua profissão, ela assegurou que gosta se colocar a serviço da história, mas, sobretudo, “do ser humano”. “Esse é o privilégio de ser atriz”, completou.

Para embarcar em um projeto, Binoche opta por um “roteiro que provoque sua nudez interior” e, segundo disse, encontrou isso em “Clouds of Sils Maria”, onde interpreta uma atriz em crise, algo que parece muito distante de sua personalidade.

“Nunca somos o personagem, mas nos entregamos por completo. Você se introduz totalmente em alguém e essa é a magia de atuar. Tens que adaptar teu corpo ao que está escrito, mas também ao que sente”, um processo que, segundo Binoche, permite descobrir novas coisas sobre sua própria personalidade.

Para Binoche, cada momento criado no cinema tem que ser verdadeiro, algo que consegue alcançar se atirando sem rede no filme de Assayas, onde aparece quase sem maquiagem e mostrando as rugas acumuladas com a passagem dos anos – sinais que lhe dão grande expressividade.

Binoche diz que esse esforço se estende para cada trabalho feito, inclusive em um filme tão diferente como “Godzilla”, no qual assegurou que topou participar para “contentar” seu filho. EFE

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