Diretor comemora sucesso de “Relatos Selvagens” na Mostra de Cinema

  • Por Bruna Nastas/ Jovem Pan
  • 17/10/2014 08h51
Divulgação Relatos Selvagens

Relatos Selvagens, longa argentino de Damián Szifrón, representa a Argentina no Oscar 2015 e abriu a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, antes de estrear no dia 23 de outubro nos cinemas.

Misturando temas diferentes nos seus episódios, a introdução torna-se palco para o que ainda está por vir – e com a brilhante atuação de Ricardo Darín e Erica Rivas. Com temas diferentes, todos os episódios tratam a vingança de uma maneira bem humorada com direito a explosões, facas, brigas no trânsito, negociações e descontrole. Tudo é feito de uma maneira sutil sem nenhum “julgamento”.

Produzido por Pedro Almodóvar, o longa mostra um pouco do humor negro do diretor espanhol junto com o talento genial de Szifrón.

Com uma fotografia impecável e uma música clássica que parece ser feita especialmente para as cenas, Szifrón sabe que a escolha foi certeira. “O improviso eu realizo ao escrever. Quando chego ao set, controlo esse improviso porque quero tocar aquela música que já foi escrita”, contou ele.

A perda de controle é o que une todas as histórias ou como o próprio diretor define: o ‘selvagismo’. “Eles estão muito presentes para mim no processo de escritura. A verdadeira loucura, ao menos, no meu caso, aparece aí. Eu gosto que apareça porque não estou usando o dinheiro de ninguém nem o tempo de ninguém. Sou eu com o meu caderno, me sinto muito livre para jogar, para experimentar”.

Apesar da primeira história do filme ser a mais curta e a última um pouco mais cômica, Szifrón afirma que a ordem cronológica não foi modificada em nenhum momento. “O filme tem a ordem exata do que eu escrevi. Não me propus a isso como uma regra e me esqueci da ordem que havia escrito as histórias”. Ele também comentou a última cena, um casamento atípico com direito a – muito – sangue. “Vamos a um setor que se concentra o máximo do poder e termina com uma festa para finalmente culminar em uma relação de homem e mulher que é o primitivo do primitivo. Inventei esse critério, mas poderia ser outro. O final feliz não estava previsto, mas estava subentendido. Me pareceu um final muito mais profundo”.

Para ele, escrever e dirigir um longa é uma experiência de catarse [sentimento de liberdade em relação a alguma situação opressora]. “Definitivamente a tarefa de escritor e diretor te permite reverter a angustia e a ansiedade ou certa negatividade que te cerca em algo positivo que é possível compartilhar com os demais. Isso é uma experiência de catarse. A expressão de um pensamento gera um alívio”.

O papel de Ricardo Darín

O ator Ricardo Darín é o protagonista de uma das melhores histórias do filme. Considerado um dos melhores atores da argentina, Szifrón confessa que sempre teve muita vontade de trabalhar ao seu lado. “Agora tivemos a chance de nos encontrar. Eu gosto muito dele como ator, como pessoa e creio que, em geral, muito, em particular, à audiência. É uma pessoa muito boa e um dos atores mais importantes da Argentina. Foi o primeiro que ofereci o roteiro e creio que sua presença desencadeia uma série de decisões que terminaram com um elenco muito importante. Uma vez que Ricardo protagoniza um dos episódios, tem que ter um equilíbrio nos outros”.

Para ele, o mais importante não era apenas trabalhar com atores que fossem consagrados ou conhecidos no meio. “Pessoas que tem experiências, anos de teatro. Como disse antes, trabalho de uma maneira que não gosto muito da improvisação no set. São atores muito bons que parecem ter dito os seus textos pela primeira vez. Acredito que muitos atores podem improvisar, mas não tem a capacidade de obter essa ‘leveza’ de textos”.

Parceria com Pedro Almodóvar

Almodóvar que já venceu o Oscar duas vezes como melhor roteiro e melhor filme estrangeiro está na produção de Relatos Selvagens. De acordo com o diretor, Pedro e seu irmão Augustín assistiram sua produção Tiempo de Valientes e acabaram gostando do conteúdo e da forma. “Nos conhecemos, conversamos muito e eles falaram que gostariam de participar [de Relatos Selvagens]”. Szifón garantiu que não recebeu nenhuma crítica de Almodóvar, apenas apoio. “Ele, como diretor, tem muita liberdade criativa. Creio que por sua própria ideologia não poderia ser outro produtor”.

Referências de Tarantino

Misturando violência e sangue com um toque de humor inteligente, Relatos Selvagens parece um filme de Quentin Tarantino. Questionado sobre o quanto o diretor está presente em sua obra, Szifrón acredita que, como os dois são da mesma geração, acabaram se inspirando nos mesmos diretores. “A vingança é algo que poucos conseguem concretizar, mas todos sonham”.

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