Debate sobre cultura da diáspora negra abre Latinidades

  • Por Agencia Brasil
  • 23/07/2014 14h57

Na abertura festival de mulheres negras latino-americanas e caribenhas, a escritora costarriquenha Shirley Campbell falou sobre as diferenças entre a arte africana e a da diáspora e sobre as raízes que compartilham. (Festival Latinidades / Divulgação)

A edição de 2014 do Festival Latinidades começou hoje (23) com um debate sobre as origens da cultura negra e as características da literatura da diáspora – a vinda de negros africanos para a América Latina e o Caribe a partir do século 15, que é a ênfase do encontro deste ano.

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Na abertura festival de mulheres negras latino-americanas e caribenhas, a escritora costarriquenha Shirley Campbell falou sobre as diferenças entre a arte africana e a da diáspora e sobre as raízes que compartilham. “A arte africana é muito ligada a manifestações sobre descrições do cotidiano. A da diáspora, por outro lado, fala sobre a interação da arte negra com outras comunidades.”

No caso da literatura negra latino-americana e caribenha, explicou Shirley, as artes são uma função social e o artista tem a responsabilidade de dar voz àqueles que não têm. “Os artistas da diáspora negra interpretam o sentir comum e o expressam com suas habilidades individuais.”

Para a escritora, apesar dessa diferença, as mulheres negras da África, da América Latina e do Caribe têm uma conexão primordial, que é a base na memória de antepassados e na manutenção de conhecimentos e crenças tradicionais. Shirley Cambell foi uma das participantes do primeiro debate do Festival Latinidades, que contou também com a presença das escritoras brasileiras Inaldete Pinheiro e Nina Silva. Na plateia, estavam as autoras Conceição Evaristo e Priscila Preta, muito aplaudidas pelos presentes, apesar de não participarem do debate.

“O movimento de mulheres negras faz que as suas identidades sejam faladas por suas próprias bocas e não pelas de outros. Há uma sintonia entre as vozes [da América Latina, do Caribe e da África], pois há raízes profundas, mantidas por espiritualidade, memória e genética. Somos uma grande rede e nos retroalimentamos por meio de conhecimento, experiências e dizeres”, disse Nina Silva.

A programação desta tarde prevê uma performance às 15h, no auditório do Museu Nacional da República, em homenagem ao centenário da escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, autora do livro Quarto de Despejo, conferência de abertura do festival, com o tema Diálogos Afro-Atlânticos, às 16h, e o espetáculo de abertura, , às 20h, na Sala Plínio Marcos, na Funarte.

O festival, que vai até segunda-feira (28), terá inda debates sobre temas diversos, oficinas, lançamento de livros, conferências, exibição de filmes e programação musical.Para sexta-feira (26), está previsto um sarau no espaço externo do Museu Nacional. No sábado (26) e no domingo (27), haverá shows a partir das 19h. A programação completa pode ser acessada na página do evento na internet.

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Editora: Nádia Franco

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