Exposição e livro são lançados em Berlim em memória das crianças de Auschwitz

  • Por Agência EFE
  • 23/01/2015 06h28

Não esqueçam seus nomes. Crianças de Auschwitz é o título do livro de Alwyn Meyer e de uma nova exposição inaugurada nesta semana em Berlim que pretendem recuperar através do testemunhos de sobreviventes a memória das crianças levadas aos campos de concentração durante o regime nazista.

Alwyn Meyer é o autor da obra publicada para marcar o 70° ano desde a abertura de Auschwitz, em 27 de janeiro. Seu trabalho, que teve início quando, aos 21 anos, visitou o campo de concentração pela primeira vez, é fruto de décadas de pesquisas e reúne entrevistas com 50 sobreviventes.

“Para mim, o lançamento do livro de Awyn Meyer é uma grande felicidade”, afirmou Dagmar Livlova, nascida em 1929 e que conseguiu sair com vida de sua passagem pelos campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen. “Quando nos formos, este livro permanecerá, provendo testemunho sobre tudo o que aconteceu. Para nós é muito importante que aqueles que não tiveram a sorte de sobreviver não sejam esquecidos”, disse Livlova durante a apresentação do livro à imprensa.

Jack Mandelbaum, que também sobreviveu a Auschwitz, destacou a relevância de manter viva a memória do ocorrido. “Isto é algo que precisa ser passado de geração em geração. A minha vida inteira falei sobre Auschwitz em igrejas e em escolas e não foi para buscar por solidariedade, mas para educar as pessoas e contribuir para que algo assim não volte a acontecer”, afirmou.

Talvez nenhum dos que estavam ao seu lado em 1945 esperasse que Livlova estivesse viva hoje, 70 anos depois da abertura de Auschwitz. Ela foi transferida em 1944 de Auschwitz para Bergen-Belsen por ter sido considerada apta para trabalhar e pelo fato de seus companheiros, que viviam no mesmo bloco que ela, terem mentido sobre sua idade, para salvá-la de uma morte certa. Quando Bergen-Belsen foi aberto, em 15 de abril de 1945, Liblova estava muito doente e praticamente não conseguia se manter em pé.

“Nos últimos meses não tínhamos quase nada para beber, comíamos pouco e havia montanhas de mortos, que ninguém enterrava. Por causa disso eu adoeci e mal podia me levantar, fui levada para um hospital”, contou. Livlova passou dois anos internada. Mais tarde ela soube que havia sido levada para lá para que tivesse uma morte digna, pois não acreditavam em sua recuperação.

Em 1945, depois da abertura dos campos, cerca de mil crianças foram levadas para um sanatório no norte da Inglaterra, para que se recuperassem física e emocionalmente. A exposição, inaugurada no centro comemorativo da resistência alemã durante o nazismo, tem início com os testemunhos dos que atenderam àquelas crianças.

Para Alwyn Mayer, o fato de Mandelbaum e Livlova terem ido à Berlim para a inauguração da exposição é uma prova de confiança para com a Alemanha, depois de terem testemunhado e quase sido vítimas do Holocausto.

 

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