Pedreiro se divide entre construções e poesia em Brasília

  • Por Agencia Brasil
  • 20/04/2014 19h43

Henrique Pereira de Oliveira, pedreiro e escritor (Ana Elisa Santana / Portal EBC)

Um pedreiro que constrói casas e poemas. Esse é Henrique Pereira de Oliveira, 64 anos, autodidata, que publicou seu primeiro livro em 2013. Poeta, ele se inspira no dia a dia da construção para escrever os textos. São 36 anos de trabalho como pedreiro e 30 anos fazendo versos. Entre as obras no papel, homenagens a quem lhe ajudou, à família, aos sertanejos que vêm tentar a vida na capital do País e às figuras públicas que admira.  Ao todo já vendeu 1,2 mil exemplares.

Todos os dias, depois do trabalho, o piauiense escreve seus versos, seja a pedidos ou por conta própria. As homenagens são entregues às respectivas fontes de inspiração e a satisfação do presenteado é o único tipo de pagamento aceito. A motivação para escrever não tem hora, e se aparecer durante o trajeto para o trabalho, de bicicleta, o pedreiro para, desce e anota. ” Do nada, as palavras aparecem na minha cabeça. Então eu paro e escrevo, ou anoto o tema”, explica.

 


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Na escola, Henrique sequer completou o primário. Para ler, pegava emprestado, ou até mesmo sem o consentimento, os livros dos primos. Se em matérias como matemática as notas eram baixas, em história “tirava até nota mil”, conta o poeta.  O ensino foi abandonada em nome do trabalho e o que sabe desde então, aprendeu por conta própria, com os livros. “Sinto um orgulho muito grande de hoje ter o meu livro. E já tenho outros dois no forno, tudo em forma de poesia”, alegra-se. 

A primeira obra foi publicada com dinheiro próprio, fruto de muito trabalho. O investimento deu certo e o valor  já foi recuperado. Seja de casa em casa, ou em eventos populares, lá está Henrique, divulgando seu trabalho. “Aqui na Bienal já vendi dois”, conta o escritor referindo-se à II Bienal Brasil do Livro e da Literatura, em Brasília.  Nem por isso ele planeja deixar de lado a outra profissão. “Eu gosto cada dia mais de ser pedreiro, de fazer coisas bonitas e pessoas felizes”, concluí. 

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