Eva Wilma estreia em SP como cantora

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/11/2017 09h30 - Atualizado em 02/11/2017 09h54
Reprodução Eva Wilma Nesta quinta-feira, 2, Eva junta-se ao filho Johnnie Beat para cantar no show "Crise, que Crise?"

Ao conversar com Eva Wilma descobrem-se grandes momentos da história da dança e do teatro paulista. No entanto, faltava para a atriz de televisão e cinema ocupar o palco de um novo jeito. Nesta quinta-feira, 2, Eva junta-se ao filho Johnnie Beat para cantar no show Crise, que Crise?, no Teatro J. Safra, em São Paulo.

Ainda colhendo os resultados de O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (2016) – primeira versão teatral do clássico do cinema de 1962, que fez temporada no Rio, ao lado de Nathalia Timberg, e em São Paulo, com Nicete Bruno -, Eva conta que soltar a voz deveria ser algo muito natural para qualquer artista da interpretação, mesmo que o peso de se apresentar num show a inunde de certa ansiedade. “Exercitar a voz faz parte do trabalho de todo ator e toda atriz, assim como o corpo. Nós devemos nos expressar com tudo que temos.” E foi durante a temporada da peça no Theatro Net Rio que a atriz aproveitava para soltar a voz nos ensaios com o elenco de Beatles Num Céu de Diamantes. “Estávamos todos em cartaz lá e me juntei a esses artistas para cantar e fiquei muito entusiasmada.”

O filho da atriz conta que a participação da mãe em suas apresentações não estava bastando, o que rendeu o convite para o show. “Ela sempre cantou comigo, mas em momentos pontuais. Agora a ideia é juntar músicas que gostamos e relembrar histórias e sua carreira”, diz Beat. Nada disso seria o que é se, nos anos 1950, a então bailarina continuasse a dar seus passos em direção ao Ballet do 4.º Centenário, que preparava as comemorações dos quatro séculos de fundação da cidade de São Paulo.

“Meses antes de nos apresentarmos, recebi um convite e fui para a televisão.” Isso não significa que ela parou de correr e saltar. Na abertura de Mulheres de Areia (1973), Eva é a jovem que percorre feliz a praia na novela da TV Tupi. No show, esse trecho é recuperado enquanto cantam a música da Phonoband. “Nessa época, eu já fazia ponte aérea e já era mãe”, diz a nova cantora, que também gravava na antiga Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. “Aprendi violão e piano com meus pais. Hoje percebo que a música sempre esteve comigo.” E revela que também teve aulas ao lado de Nydia Licia. “A mãe dela nos ensinava e, às vezes, cochilava diante do piano.”

Para o preparador vocal da cantora e diretor musical, William Paiva, os trabalhos com Eva têm foco em produzir uma voz clara. “Ela já está superpreparada. O objetivo é alcançar uma disponibilidade muscular e um descanso do corpo.”

E é com essa tranquilidade que o show empresta um olhar otimista que já começa no título. Inspirada em Crisis, What Crisis, álbum de 1975 da banda Supertramp, a apresentação passeia pela música brasileira e internacional, como Palpite, de Vanessa Rangel, Sei de Cor, de Marília Mendonça e My Way, composta por Paul Anka e imortalizada na voz de Frank Sinatra. O show também cumpre o desejo de unir artistas e gerações com a participação de Heloá Holanda, cantora finalista do programa X Factor Brasil. “Vejo que temos tantos artistas de valor no Brasil, em todas as áreas”, diz Eva. “Por mais que tudo esteja difícil, existe uma nova geração de muito talento, como o ator Silvero Pereira na novela A Força do Querer. Ele estreou na televisão com um papel tão intenso, mas já vinha de um bom trabalho como ator. Isso me entusiasma.” Além de cantar, Eva promete recitar Trenzinho do Caipira em homenagem ao amigo e poeta Ferreira Gullar. “Não esqueço que nós, os artistas, juntamos dinheiro para mandá-lo para fora do País, porque ele estava jurada de morte na ditadura ”

Para quem aconselha aos jovens que ousem mais e sem rede de segurança, Eva parece rejuvenescer.

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