Günter Grass morre após 60 anos de produção literária

  • Por Agencia EFE
  • 13/04/2015 11h33

Berlim, 13 abr (EFE).- O escritor alemão Günter Grass, nascido no dia 16 de outubro de 1927 em Danzig, a atual cidade polonesa de Gdansk, morreu nesta segunda-feira e deixou uma das obras literárias mais representativas e polêmicas de seu tempo.

O Prêmio Nobel recebido em 1999 é apenas uma das conquistas de Grass ao longo da carreira literária, na qual também ganhou o Prêmio Georg Büchner, o mais importante da língua alemã.

Filho de um merceeiro alemão e de mãe polonesa, Grass foi seduzido pelo nazismo e, como ele mesmo revelou em sua autobiografia, “Descascando a cebola” (2006), se alistou aos 17 anos em uma unidade da Waffen-SS.

Depois da Segunda Guerra Mundial, sua vida teria três eixos fundamentais: a arte, a literatura e o compromisso político que era, em boa parte, um esforço permanente para se distanciar do jovem nazista que tinha sido.

Após trabalhar como minerador e entalhador de lápides, Grass estudou na Academia de Artes de Düsseldorf e na Academia de Belas Artes de Berlim.

Com poemas, seu primeiro livro foi publicado em 1956, mas o sucesso veio três anos depois, com o romance “O tambor”, muito elogiado por críticos e leitores e adaptado para o cinema em 1978 pelo cineasta compatriota Volker Schlondorf.

Entre as obras posteriores estão “O gato e o rato” (1961), “Anos de cão” (1963), “Encontro em Telgte” (1979), “The rat” (1986), “Maus Presságios” (1992), “Discurso da perda” (1993), “O meu século” (1999), e “A passo de caranguejo” (2002).

Entre os livros de poemas se destacam “Interrogado” (1967), “Compilação de Poemas” (1971), o livro de sonetos “Terra de Novembro” (1993) e “Antologia poética” (1994). Como dramaturgo escreveu, entre outras peças, “Inundação” (1956), “Tio, tio” (1958), “Os maus cozinheiros” (1961) e “Os plebeus ensaiam a rebelião” (1965).

Era doutor “honoris causa” pelas universidades de Kenyon College (Ohio, 1965), Harvard (1976), Mickiewickz (Polônia, 1990), Danzig++ (1993) e Lübek (2003).

Defensor de escritores perseguidos, como Salman Rushdie, pediu às autoridades de seu país que sancionassem o governo do Irã pela condenação à morte do autor de “Os versos satânicos”.

Criticou com dureza em 1997 o fornecimento alemão de armamento à Turquia e a negação de asilo ao povo curdo.

Em 2011, publicou “Grimm Wörter” (Palavras de Grimm), obra dedicada aos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, sobretudo em sua condição de linguistas. O livro foi definido por Grass como “uma declaração de amor ao idioma”.

No início de abril de 2012, publicou o poema “Was gesagt werden muss” (“O que é preciso dizer”), no qual Grass acusava Israel de colocar em perigo a frágil paz mundial com seu potencial atômico, assim como de planejar um ataque ao Irã capaz de aniquilar a população do país.

A reação do governo israelense foi declarar Grass como “persona non grata”, acusá-lo de antissemitismo e lembrar que o autor confessou ter servido à Waffen-SS aos 17 anos.

No dia 16 de abril de 2012, foi internado em uma clínica de Hamburgo por problemas cardíacos. O escritor tinha ido no centro médico “para um exame médico programado”.

O escritor se casou em 1956 com a dançarina Anna Margareta Schwarz, da qual se divorciou em 1978. Grass se casou novamente em 1979, em Calcutá, com a organista Ute Grunert. EFE

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