“Sem Bowie o mundo seria chato, previsível e careta”, diz vocalista da Legião Urbana

  • Por Daniel Keny/Jovem Pan
  • 13/01/2016 11h52

Além de ser vocalista da Legião Urbana Reprodução/Montagem David Bowie e André Frateschi

Por mais de 50 anos, David Bowie emprestou a sua criatividade com muita coragem ao mundo artístico. Foram 26 álbuns de estúdio recheados de músicas surpreendentes, com linguagem estética sempre alinhada a cada fase da carreira. A constante inovação que trouxe até a metade dos anos 80 lhe rendeu o justíssimo apelido de camaleão do rock.

A última quinta-feira (11) marcou um mês após a morte do ícone, e os fãs ainda tentam se acostumar à sua ausência. Com André Frateschi, vocalista da Legião Urbana desde que a banda anunciou o retorno para uma turnê nacional, no ano passado, não tem sido diferente. “Sem Bowie o mundo seria chato, previsível e careta. Seria menos ousado e nós não teríamos a metade dos artistas que temos hoje”, afirma. Para o cantor e ator, Bowie é onipresente na música contemporânea. “Ele influenciou de Kanye West e Lady Gaga a Depeche Mode e toda a geração do rock nacional da década de 80”, destaca.

Frateschi conta a primeira vez que teve contato com David Bowie, ainda na infância. “Aos 7 anos, ganhei ‘Aladdin Sane’. Naquela época eu só gostava do Homem-Aranha e do Super-Homem”, brinca. “Vi o Bowie com aquele raio no rosto e fiquei pensando quem seria aquele super-herói. Aí, quando coloquei o disco para rodar, fiquei completamente enlouquecido com o som”, recorda.

Desde então, a paixão do cantor pelo camaleão só cresceu. Acabou culminando na banda Heroes, que presta tributo a Bowie desde 2005 nas principais casas da noite paulistana. “O que me motivou a escolhê-lo foi sua versatilidade vocal e capacidade de interpretar a música. Ele se entrega de corpo e alma”, elogia Frateschi

Sem medo de ser diferente

David Bowie levantou a bandeira da diversidade sexual lá nos anos 70, quando o mundo ainda era muito mais conservador. Seus alter egos, principalmente os andróginos Ziggy Stardust e Aladdin Sane transgrediram a definição de gênero com muita cor e extravagância nas roupas e maquiagens.

Frateschi lembra que, para Bowie, definir a sexualidade era desnecessário. “A postura dele mostra que as pessoas não precisam ter vergonha de ser quem realmente são. Certa vez, quando um jornalista lhe perguntou sobre a sua sexualidade, disse que estava apenas se divertindo. É de uma leveza incrível. Ele forçou os portões que estavam trancados e muita gente foi atrás dessa visão de mundo que ele tinha”.

Gran finale

O vocalista da Legião Urbana ressalta o vasto legado deixado por Bowie. “Seus discos são muito diferentes entre si, influenciaram o rock, a música eletrônica, esse lance mais teatral também. Ele sempre foi inovador, inclusive no disco Blackstar, que é espetacular e um grande encerramento para a carreira artística e a vida dele. Ficamos órfãos agora”, lamenta.

 

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