Copa no Brasil será a de maior impacto interno, diz pesquisador americano

  • Por Agencia EFE
  • 09/06/2014 17h37
Reprodução/Google Maps Arena Corinthians receberá jogos de futebol das Olimpíadas 2016

O geógrafo, pesquisador acadêmico e ativista americano Christopher Gaffney, crítico ferrenho da Fifa, afirmou nesta segunda-feira (9) que a Copa do Mundo no Brasil será a de maior impacto interno das últimas quatro décadas.

“Este Mundial será o de maior repercussão interna, pela forma como foi organizado e a resistência que gerou. O Brasil está no foco do mundo. E, em nível regional, era visto como uma demonstração de liderança do Brasil no chamado Terceiro Mundo, algo que não está se refletindo na realidade”, disse Gaffney em São Paulo.

Radicado no Brasil desde 2004, onde é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e especialista nas consequências urbanas do Mundial, Gaffney comentou que, qualquer que seja o resultado da seleção na Copa, este “influenciará nas eleições” de 5 de outubro.

Em conversa com correspondentes estrangeiros, Gaffney, integrante da Associação Nacional dos Torcedores e do Comitê Popular da Copa, criticou o “modelo de negócio” da Fifa e o planejamento do governo brasileiro.

Nesse sentido, lamentou o fato de mais da metade dos 12 estádios que serão sede do Mundial terem sido reformados com dinheiro público, mas agora serem administrados pela iniciativa privada.

Gaffney considerou também que os estádios de Cuiabá e de Manaus, mais os quatro do nordeste (Fortaleza, Natal, Recife e Salvador), foram “um presente” do PT.

Segundo seus números, a construção dos estádios custou US$ 4,5 bilhões, em sua maioria produto de créditos subsidiados pelo poder público.

De acordo com Gaffney, autor de um livro editado pela Universidade do Texas sobre os estádios na Argentina e Brasil, o grande problema da organização da Copa e a resistência que ela recebe dos movimentos sociais foi a falta de diálogo com a população para melhorar a qualidade de vida nas cidades.

Gaffney apresentou uma estatística que indica que cada assento da Copa 2014 é o mais caro das últimas três edições do torneio e atribuiu à burocracia do país o custo da competição em 12 sedes.

“O Brasil é por si só um elefante branco, que pisa lentamente”, declarou, criticando o que chamou de “militarização” do país com o exército nas ruas e a ação de policiais militares, “que acham que o povo é o inimigo em sua lógica de guerra”.

Gaffney ressaltou ainda que este Mundial foi o primeiro no qual o titular do Comitê Organizador Local (COL) era presidente da confederação de futebol local, em alusão a Ricardo Texeira, e depois a José Maria Marin.

“Desde 1956 a mesma família governa o futebol no Brasil”, completou, em referência ao ex-presidente da Fifa, João Havelange, a seu genro, Teixeira, a cargo da CBF de 1989 até 2012, e à filha deste, Joana Havelange, diretora-executiva do COL.

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