Celeiro, “escolinha” vira profissional, assombra Paraná e já está no Brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 20/04/2016 16h50

Com apenas 6 anos no futebol profissional Facebook/PSTC/Divulgação Com apenas 6 anos no futebol profissional

Você conhece o PSTC? Se for tentar decifrar esta sigla começando pelo termo “partido”, esqueça: o PSTC não é uma das inúmeras legendas partidárias que têm inundado o noticiário brasileiro graças ao conturbado momento político vivido pelo País atualmente. Trata-se, na verdade, de um jovem, mas surpreendente clube de futebol. Com pouco mais de duas décadas de vida, o Paraná Soccer Technical Center, de Cornélio Procópio, é uma das maiores zebras do futebol pentacampeão mundial neste primeiro trimestre de 2016. 

Você acha que a afirmação anterior foi um exagero? Então ouse não considerar uma façanha um clube que até pouco tempo atrás era uma “escolinha de futebol” hoje figurar na semifinal do Campeonato Paranaense. O PSTC, que em 2016 fez a sua estreia na elite estadual, é simplesmente um dos quatro melhores times do Paraná no ano. Chocante? Muito. E proporcionalmente bonito. Basta analisar como uma equipe até então desconhecida conseguiu galgar degraus no futebol para, agora, estar classificada até mesmo à Série D do Campeonato Brasileiro. 

O PSTC foi fundado em 1994, mas só a partir de 2010 começou a disputar campeonatos profissionais. Até então, não passava de uma escolinha de futebol de Londrina, como outras milhares que estão espalhadas pelo Brasil há muitos anos. O PSTC recebia garotos do Paraná e participava apenas de competições de base. O sucesso foi tamanho, porém, que a agremiação passou a ser vista como um dos maiores celeiros de craques do estado. Jogadores como Kléberson, Dagoberto, Jadson, Rafinha e Fernandinho, que hoje é titular da Seleção Brasileira, foram apenas alguns dos lançados pela escolinha desde o início da década de 1990.

A função do PSTC, até 2010, era apenas a de ajudar no desenvolvimento de jovens promessas, aproveitá-los nos torneios de base e, depois, negociá-los com o gigantes do Paraná. “Quando surgia um talento em alguma cidade, muitos já indicavam direto para o PSTC. E a gente também viajava para observar alguns atletas“, explicou Renato David, gerente de futebol do PSTC, em entrevista exclusiva ao repórter Felipe Altarugio para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan. 

Mesmo com a profissionalização do clube, há seis anos, o viés formador de atletas foi mantido. De acordo com Renato David, o PSTC ainda se preocupa em revelar jogadores – com a diferença de, agora, poder aproveitá-los no time de cima. “Toda segunda-feira chegam aproximadamente 15 meninos para fazer avaliações que duram em média de três a cinco dias, não passa de uma semana. A gente está sempre em contato com os professores e com os pais dos meninos, que ligam para a gente”, revelou.

E o desempenho no futebol “de gente grande” tem confirmado que a fórmula do PSTC é ótima e promissora. O time de Cornélio Procópio, afinal, subiu da terceira para a segunda divisão paranaense em 2012 e, no ano passado, alcançou o tão sonhando acesso à elite estadual. Nada se compara, contudo, ao que a equipe tem feito em 2016: na sua temporada de estreia na primeira divisão do Paraná, chegou simplesmente à semifinal do Estadual. O PSTC assombrou o Sul do País neste início de ano e, pasmem, já conseguiu até um lugar na Série D do Campeonato Brasileiro. 

A vaga, aliás, foi conquistada de forma heroicaApós perder por 3 a 0 para o JMalucelli no jogo de ida das quartas de final do Paranaense, o PSTC reagiu de maneira absurda, devolveu o placar na partida de volta, fora de casa, e se classificou nos pênaltis. O primeiro confronto das semifinais, diante do Coritiba, em Cornélio Procópio, acabou com vitória da equipe coxa-branca por 3 a 0, mas, acredite, ninguém arrisca considerar já eliminado o novato time do norte do Paraná.

Algumas outras curiosidades marcam a ainda breve biografia do PSTC: hoje, por exemplo, a equipe é comandada pelo técnico Reginaldo Vital, que foi o primeiro jogador revelado a dar retornos financeiros ao clube, ainda na década de 1990 – ele foi vendido ao Paraná Clube e, depois, ao Gamba Osaka, do Japão. Além disto, o time só tem sede em Cornélio Procópio porque foi lá que encontrou apoio dos moradores locais. 

O PSTC é originalmente de Londrina, mas nunca teve torcida. Jogando campeonatos profissionais, isso nos prejudicaria. Então, rodamos por algumas outras cidades, como Cambé e até mesmo Apucarana, para procurar apoio. Não deu certo. Vimos que, para se manter, uma equipe profissional precisaria do incentivo de uma cidade que tivesse carência no futebol, que foi o que aconteceu com Cornélio Procópio, decretou Renato David, bastante satisfeito com os rumos que o clube vem tomando. 

Em tempos de futebol moderno, o PSTC tem se mostrado um espetacular exemplo de que o velho esporte bretão ainda respira.

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