Como a independência da Catalunha pode afetar o futebol espanhol?

  • Por Jovem Pan
  • 30/09/2017 10h18 - Atualizado em 30/09/2017 10h19
Faixas pró-referendo pela independência da Catalunha foram expostas na partida entre Barcelona e Juventus, na Liga dos Campeões

Neste domingo (1), milhares de cidadãos vão às urnas para o plebiscito que decidirá pela independência da região da Catalunha, mesmo com a oposição do governo espanhol, que pode até mesmo tentar impedir a realização do pleito. Caso aprovada, a mudança trará grandes mudanças no cenário geopolítico da Espanha, principalmente porque a região responde por 20% do PIB do país.

Obviamente, o futebol também seria impactado por essa mudança. Uma parcela considerável da seleção espanhola é formada por atletas catalães e o campeonato do país perderia um dos seus principais times, o Barcelona, cuja torcida está engajada na realização da eleição.

A Jovem Pan preparou uma lista das principais mudanças que podem ocorrer no futebol caso a Catalunha consiga a sua independência da Espanha. Confira abaixo:

Seleção catalã

O Barcelona praticamente era a base da seleção espanhola que conquistou a Copa do Mundo de 2010, com cinco titulares. Entre os 23 convocados, sete nasceram na região separatista: Busquets, Piqué, Valdés, Fàbregas, Capdevila, Xavi e Puyol. Os dois últimos chegaram a expor a bandeira catalã durante a comemoração do título na África do Sul.

Na convocação feita por Lopetegui em agosto, o número de jogadores nascidos na Catalunha caiu para cinco –  Jordi Alba, Piqué, Busquets, Deulofeu e Marc Bartra, o único que não joga pelo Barça atualmente -, todos com relevância para a equipe.

Pelo menos para a disputa de amistosos sem caráter oficial a seleção já existe e, caso venha a conquistar sua independência, teria um time forte já em seus primeiros compromissos. Além dos jogadores convocados pela Espanha, a equipe titular da Catalunha poderia contar com jogadores como Kiko Casilla – único catalão do time do Real Madrid -, Bellerin, Sergi Roberto, Cristian Tello e Aleix Vidal, além de ter Pep Guardiola no comando. Fica a dúvida se Iniesta, que é identificado com a Catalunha mas não nasceu na região, trocaria de nacionalidade para reforçar a equipe.

Além disso, a seleção ainda viveria em constante atualização, principalmente porque a região conta com uma das categorias de base mais bem sucedidas no mundo, a do Barcelona.

Para onde vai o Barça?

A Federação Espanhola de Futebol já deixou bem claro que, se a Catalunha se separar do país, todos os times da região não disputarão mais jogos pela La Liga

Quem abriu as portas para os times catalães foi o Campeonato Francês, que hoje já conta com um time que não é da França entre os seus participantes, o Monaco. Mesmo sem saber como funcionaria essa mudança, se o Barça já chegaria na Ligue 1 ou se buscaria seu espaço nas divisões anteriores, a certeza que fica é que dará mais emoção a um campeonato que hoje conta apenas com o PSG (do ex-Barcelona, Neymar) como principal time.

Porém, a construção de um Campeonato Catalão também não está descartado, já que a região possui a sua própria confederação (não filiada à Fifa). Atualmente, a região separatista conta com três times na primeira divisão espanhola (Barcelona, Espanyol e Girona) e outros dois na Série B (Gimnàstic e Reus Deportiu). Além disso, outros 27 times de divisões inferiores disputam a Copa da Catalunha.

Como seria a história do Espanhol sem o Barcelona?

A ausência do Barça mudaria radicalmente a história do futebol espanhol. Terceiro campeonato mais lucrativo da Europa, a La Liga arrecadou 2,2 bilhões de dólares no ano passado. Sem o Barcelona, certamente perderia uma boa parte dos seus lucros com bilheteria e até mesmo com audiência, já que o El Clásico é a partida mais assistida no mundo.

Imaginando que o Barcelona nunca tivesse feito parte do Campeonato Espanhol, a história do torneio seria bem diferente. Se todos os 24 títulos do time azul-grená fossem para os vices, o domínio do Real Madrid subiria de 33 para 48 títulos (o time foi vice do Barça 15 vezes), enquanto o Atlético de Madrid ficaria com 13 títulos.

Separações não são novidade

A separação de um Estado e sua consequência para o esporte não é algo inédito na história. Um bom exemplo foi o ocorrido após a divisão da Iugoslávia, iniciada em 1991, que deu origem a sete novos países. O maior campeão iugoslavo era o Estrela Vermelha, que continua sendo o maior time da Sérvia. Por outro lado, o Hajduk Split, maior vencedor de origem croata, não é o maior campeão da Croácia, cujo posto pertence ao Dínamo Zagreb.

Outro caso curioso é o da Grã-Bretanha. Apesar de cada um dos quatro países terem seus respectivos campeonatos e seleções, alguns clubes optaram por disputar o campeonato da Inglaterra. É o caso do Swansea, time galês que disputa a Premier League. Por outro lado, nos Jogos Olímpicos, a delegação é britânica e não inglesa e, com isso, era possível ver craques como Ryan Giggs e Gareth Bale, ambos galeses, atuando com a seleção inglesa.

Mais separatistas

A Catalunha não é o único movimento separatista dentro da Espanha. O País Basco (cujo principal time é o Athletic Bilbao) também tem o desejo de conquistar a sua independência. Já o movimento pela saída da região da Padânia, no norte da Itália, faria o país perder boa parte dos seus importantes times. Nesta região estão a Juventus, Milan, Inter de Milão, Genoa, Atalanta, Bologna e outros.

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