Do 1º turno impecável à incapacidade dos rivais: como Corinthians foi hepta?

  • Por Jovem Pan
  • 15/11/2017 23h44
Primeiro turno irretocável e incapacidade dos rivais. Resultado: Corinthians campeão brasileiro pela sétima vez

Nem encantador, nem pragmático. O Corinthians campeão brasileiro de 2017 será lembrado como o time que, ao mesmo tempo em que flertou com o espetáculo, paquerou com a burocracia. Em uma análise mais fria, deu a volta olímpica porque teve um período de constância. No Campeonato Brasileiro de nível mais questionável dos últimos tempos, ganhou a única equipe capaz de manter certa regularidade. Nem que, para isso, ela tenha durado “apenas” um turno.

O Timão de Cássio, Arana, Pablo, Jô e Fábio Carille foi de incontestável nas primeiras 19 rodadas a errático nas 19 últimas. Ganhou o status de “time a ser batido” quando ninguém imaginava e teve de lidar com uma pecha de “cavalo paraguaio” que nunca se concretizou.

Entre o céu e o inferno, a realidade: o Corinthians heptacampeão soube vencer e convencer na linha de largada e renascer de uma derrocada que só não custou caro por falta de concorrência nos metros finais. O primeiro turno inquestionável e a ausência de rivais capazes de aproveitar a tão anunciada “despencada” alvinegra ajudam a explicar o sétimo título brasileiro do Corinthians.

Corinthians campeão brasileiro: por quê?

Não é exagero dizer que o Corinthians ganhou o heptacampeonato brasileiro no primeiro turno. Animado pelo título paulista, que calara críticos e enterrara a pecha de “quarta força” do estado de São Paulo, o Timão fez, em 2017, o melhor primeiro turno da história do Campeonato Brasileiro. Foram impressionantes 14 vitórias e cinco empates em 19 jogos. Chocante, a invencibilidade era alimentada por um futebol “tipicamente corintiano”, que primava pela força defensiva e empilhava vitórias graças à eficiência do ataque.

Ao fim da 19ª rodada, o Corinthians era o dono da melhor defesa e do segundo melhor ataque do Brasil. Vitórias emblemáticas sobre o Grêmio, em Porto Alegre, e diante do Palmeiras, no Allianz Parque, davam sabor ainda mais doce a uma campanha que soava histórica.

Cássio, Arana, Pablo, Balbuena, Maycon, Rodriguinho, Romero e Jô voavam, e os 82,4% de aproveitamento deixavam a Fiel em estado de graça. Perder o título não passava pela cabeça de ninguém – ou melhor: só de Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, que, apesar dos oitos pontos de desvantagem, dizia que o Corinthians ainda iria “despencar”.

Futebol Campeonato Brasileiro Corinthians Marquinhos Gabriel

Despencou… Mas e daí?

A afirmação de Renato ganhou ares de “previsão” no segundo turno. Com Arana, Gabriel, Maycon, Jadson e Rodriguinho em baixa, o Corinthians simplesmente parou na metade final da competição. Perdeu a invencibilidade para o frágil Vitória, em Itaquera, e também sucumbiu diante do lanterna Atlético-GO, dentro de casa. Coincidência ou não, essas derrotas aconteceram depois de períodos de pausa para Datas Fifa.

Tropeços para Santos, Bahia, Botafogo e Ponte Preta confirmaram a “despencada” alvinegra nos jogos seguintes, e o sinal de alerta foi ligado na 31ª rodada. Àquela altura, o time somava apenas três vitórias e fazia campanha de rebaixado no segundo turno.

Não é exagero afirmar que o Corinthians só se manteve na ponta graças à gordura acumulada no 1º turno e à incapacidade dos rivais, que falharam em reduzir a vantagem a cada brecha dada pelo líder. O Grêmio, finalista da Libertadores, deixou o Brasileiro em segundo plano, e Palmeiras e Santos só cresceram após caírem no torneio continental. Mesmo assim, não chegaram a, de fato, assustar.

Na 30ª rodada, o Palmeiras até reduziu a vantagem para cinco pontos e chegou a depender das próprias forças para ganhar o título. Porém, foi brecado pelo próprio Corinthians. Colocado contra a parede, o Timão se reinventou com Clayson no lugar de Jadson, superou o arquirrival em um clássico de tirar o fôlego e venceu Atlético-PR e Avaí com o brilho de heróis improváveis.

O triunfo sobre o Fluminense, na última quarta-feira, em Itaquera, só serviu para confirmar o hepta com três rodadas de antecedência. E pergunte à Fiel se ela se importou com a queda de rendimento no segundo turno. A resposta mais ouvida será “não”. Afinal, como ela mesmo gosta de dizer, “se não é sofrido, não é Corinthians”. Sete vezes campeão brasileiro e contando…

GERO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO

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