Desfalques e perda da confiança: o que explica a queda de rendimento do Corinthians

  • Por Jovem Pan
  • 14/09/2017 14h23
Ale Frata / Código 19 / Estadão Conteúdo Com o empate com o Racing, o Corinthians chega a três jogos sem saber o que é vencer

Derrota para o Vitória, três pontos suados em cima da Chapecoense, novas derrotas para Atlético-GO e Santos e, agora, um empate com o Racing. Com certeza, essa não é a sequência de resultados que se esperava do Corinthians, time que reinou absoluto no primeiro semestre de 2017, campeão do Paulistão e chegando a 47 pontos no primeiro turno do Campeonato Brasileiro.

O que explica a queda de um time que até então vinha batendo recordes e passou mais de cinco meses sem saber o que é perder?

A primeira impressão que se tem é que as pausas quase que consecutivas não fizeram bem ao time de Fábio Carille. Na primeira, o Corinthians ficou 13 dias sem jogos pelo adiamento da partida contra a Chapecoense e quando voltou conheceu suas primeiras derrotas. Após a partida contra o Atlético-GO, uma nova interrupção, desta vez devido aos jogos da Seleção. A esperança era que o time se recuperasse após esta nova parada, mas o que se viu foram novos resultados ruins. Ao todo, já são 22 dias desde a última vitória.

Mas, na visão do comentarista Jovem Pan Bruno Prado, o que mais pesou nessa queda de rendimento do Corinthians foram os desfalques. Contra o Atlético-GO, o time jogou sem Balbuena, Jô e Guilherme Arana. A ausência do jovem lateral foi de longe a mais sentida no esquema proposto por Carille.

“Já faz algum tempo que o Corinthians não consegue escalar o time inteiro. E alguns desfalques são muito complicados, como o Guilherme Arana, que é difícil de repor. A ausência de qualquer um dos dois laterais pesa muito. É uma característica forte do Corinthians essas jogadas pelas laterais. Quando o adversário fecha os lados, e ainda sem o Arana, o Corinthians sofre. São praticamente dois armadores nas laterais”, analisou Bruno, que afirmou ainda que a falta de opções também pesa nestes momentos de baixa: “o Corinthians não tem um elenco muito grande. É um time titular e uns 3 ou 4 que eles podem utilizar sem mudar muito”.

Publicamente, em suas entrevistas coletivas, Fábio Carille reclamou apenas dos erros de passe. Após o clássico, ele se mostrou chateado com essas falhas e, depois do confronto com o Racing, novamente fez críticas. Bruno Prado citou ainda a dificuldade que o time tem para criar jogadas. Tanto Vitória quanto Santos se aproveitaram de falhas do Corinthians para montar o contra-ataque que deu origem aos seus gols.

“O Vitória e o Atlético-GO foram adversários que vieram jogar muito atrás e o Corinthians tinha que criar oportunidades. É um time que sofre muito quando precisa vir de trás. Essa forma de jogar, de ser um time forte na defesa mas com dificuldades para criar já vem de alguns anos”, afirmou.

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians/Divulgação

A queda de rendimento no segundo tempo também se mostra um fator relevante para essa sequência negativa. Antes, o Corinthians não se intimidava diante do resultado adverso e conseguia manter o foco para chegar aos gols. Agora, Bruno observa que o time passa por um momento de falta de confiança e nervosismo que impede a reação na etapa complementar.

“Em muitos jogos no primeiro turno, o Corinthians não estava bem, mas estava muito tranquilo. Era um time que não ficava nervoso, não precipitava jogada, mantinha o mesmo jeitinho de jogar, com paciência e esperando que saísse o gol. E tinha confiança de que esse gol sairia. Agora não é mais assim. Quando o Corinthians fica numa situação mais adversa já fica mais tenso, um pouco mais nervoso”, analisou Bruno.

Apesar de Carille negar que haja um alerta, esses detalhes deixam sim um alarme ligado entre os alvinegros. Mesmo se apegando na vantagem de sete pontos na liderança, o corintiano sabe que o time precisa se recuperar e evitar mais sufoco. O próximo compromisso do Timão é neste domingo (17) contra o Vasco, time goleado pelo Corinthians no primeiro turno. O desejo de cada torcedor é que o time consiga repetir a dose e, quem sabe assim, recuperar a confiança e o futebol perdido.

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