Eurico vê julgamento “precipitado” de episódio em São Januário e anuncia reforço

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/07/2017 16h45 - Atualizado em 10/07/2017 16h45
Paulo Fernandes / Vasco Para Eurico Miranda, julgamentos precipitados induzem ao erro

Depois de ter concedido uma entrevista coletiva na noite de sábado (8) pouco depois da grande confusão ocorrida no estádio de São Januário e que culminou na morte de um torcedor vascaíno, Davi Rocha Lopes, de 27 anos, baleado no peito após o clássico entre Vasco e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, o presidente Eurico Miranda fez um pronunciamento no início da tarde desta segunda-feira (10) para dizer que o clube não irá fugir de suas responsabilidades em relação ao ocorrido, mas atacou o que chamou de “precipitação de todas as partes” no julgamento destes episódios de violência.

No caso, o dirigente se referiu à imprensa, à Polícia Militar e também ao Ministério Público, sendo que na noite do último domingo (9), por meio de uma nota, ele já havia cobrado “fatos e provas” e “honestidade jornalística” nas análises sobre o incidente, também em resposta a pronunciamentos de autoridades ao longo do dia.

Rodrigo Terra, promotor do Ministério Público do Rio, chegou a dizer, em entrevista ao canal SporTV, que o Vasco não atendeu a uma solicitação feita no início do ano pelo MP, que pedia um plano de ação e de segurança para a realização dos jogos no estádio. Para completar, avisou que o MP pediria a interdição de São Januário e que, “apenas a partir do momento que seja apresentada e aprovada a estratégia de realização de grandes eventos no local, é que será liberada a utilização do local”.

Eurico, porém, rebateu: “A precipitação está ocorrendo de todas as partes: da imprensa, da Polícia Militar, do Ministério Público. Ninguém mais do que eu quer que as coisas sejam devidamente apuradas, que as coisas sejam investigadas. Esses julgamentos antecipados normalmente levam e induzem a erro”.

A confusão do último sábado começou ao fim do clássico. Torcedores vascaínos, indignados com a derrota por 1 a 0 para o rival Flamengo, atiraram pedras e rojões contra o gramado, sendo contidos pela polícia com bombas de gás e spray de pimenta. Os torcedores destruíram as instalações do estádio, e a confusão se prolongou pelas ruas do bairro de São Cristóvão, onde Davi Rocha Lopes acabou sendo baleado e depois morreu quando era levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Outros quatro torcedores feridos receberam atendimento no mesmo hospital e foram liberados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Após o episódio trágico, a PM do Rio soltou uma nota oficial na qual responsabilizou funcionários do Vasco por falharem na revista dos torcedores na entrada do estádio e ainda destacou que as brigas entre torcidas do time são “recorrentes” neste Campeonato Brasileiro e isso “principalmente em São Januário”.

“A PM justifica (o ocorrido) da maneira dela, a PM pode até nem fazer a revista, alegando falta de contingente, mas ela é responsável por esta revista. Quando ela não tem contingente e pede que stewarts (seguranças) façam a revista, ela supervisiona a revista”, afirmou o presidente vascaíno, insinuando que a Polícia Militar poderia não ter cumprido com suas obrigações durante este processo de revista dos torcedores que adentraram São Januário no último sábado.

Para completar, Eurico ainda criticou a atitude da PM enquanto a confusão ocorria no estádio vascaíno. “Os portões de São Januário só abrem após a chegada da PM. Se a PM não estiver em seus postos, os portões não abrem… É maneira correta de proceder você, de dentro de campo, começar a atirar bombas indiscriminadamente para dentro da arquibancada?”, questionou, para em seguida também insinuar que a PM é que teria sido responsável pela eclosão da confusão em maiores proporções.

“Essa bomba de efeito moral você atira pra arquibancada indiscriminadamente e pode ter iniciado (a confusão). Não vi nenhum conflito que tivesse sido colocado e que teria ocorrido entre as chamadas torcidas. Pode ter acontecido, que é algo absolutamente normal, mas a forma como você reprime (reprimiu) instigou um negócio generalizado… É claro que, alguns que aqui estavam, que vieram com crianças, famílias, estavam lacrimejando, aterrorizadas, mas isso foi por conflitos entre torcedores ou pela forma como a PM procedeu?”, perguntou de novo, convicto de que a ação da polícia foi determinante para a confusão.

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