Falcão relembra passagem pelo São Paulo e entrevero com Leão: “virou pessoal”

  • Por Jovem Pan
  • 29/11/2017 15h07 - Atualizado em 29/11/2017 15h12
Jhonny Drum/Jovem Pan Falcão, jovem pan, esporte em discussão Falcão é, para muitos, o maior jogador da história do Futsal. Ele participou do Esporte em Discussão desta quarta-feira

Há treze anos, Falcão deixava o futsal – modalidade na qual havia acabado de ser eleito o melhor do mundo – para se arriscar no futebol de campo. A experiência nos gramados durou pouco – foram apenas cinco meses no São Paulo –, mas, até hoje, obriga a lenda das quadras a se explicar. Por que ele não vingou? Houve, de fato, um boicote por parte de Emerson Leão? Falcão participou do Esporte em Discussão desta quarta-feira, na Rádio Jovem Pan, e esclareceu tudo.

Segundo o craque de 40 anos, a vaidade do então técnico do São Paulo ajudou a abreviar a sua passagem pelo campo em 2005.

“Eu tinha acabado de ganhar pela primeira vez o prêmio da Fifa de melhor do mundo no futsal. O presidente (do São Paulo) Marcelo Portugal Gouvêa me chamou para visitar o CT, para me parabenizar, e entrou no assunto de me contratar… Ele fez uma boa proposta para mim. E, como era o sonho do meu pai jogar no campo e ele havia morrido há um ano, eu aceitei. Só que o presidente, na empolgação, soltou para a mídia antes de avisar o Leão. E vocês, que estão no meio do futebol, sabem melhor do que eu que, ali, foi o início do fim”, afirmou Falcão.

“A programação era eu treinar por um mês para, só depois, começar a ser relacionado. E eu joguei no terceiro dia de treinos… Dizem que ele (Leão) me pôs para jogar para que eu fosse muito mal e ele pudesse dizer: ‘olha aí, está vendo?’. Só que eu fui muito bem naquela partida contra o Ituano. Joguei dez minutos… Na primeira bola eu botei o Grafite na cara do gol, na segunda tabelei de letra com o Josué e dei uma pancada de fora da área que o goleiro pegou, na terceira dei um chapéu… Foram dez minutos muito intensos”.

Foi a partir daí que, de acordo com Falcão, Leão começou a boicotá-lo. “Ali, qualquer treinador me daria uma sequência, por mais que não fosse o planejamento. Só que a imprensa começou a cobrar muito para que eu jogasse. A torcida gritava o nome dos 11 titulares e o meu, que estava no banco, antes do jogo. O Rogério Ceni me disse que nunca tinha visto aquilo. Então, começou a criar uma pressão tão grande no Leão que, em vez de me dar oportunidade, ele começou a me afastar. Ele fechava o treino com bola, ninguém via, aí quando iam perguntar por que eu não jogava, ele dizia: ‘ah… ele não treina bem’. Era a palavra dele contra a minha. Acabou virando uma coisa pessoal, e eu não precisava passar por aquilo, porque já tinha a minha carreira no futsal. Aí optei por voltar”.

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Falcão foi campeão paulista e participou de parte da campanha do tri da Libertadores pelo São Paulo. No total, porém, jogou somente seis partidas – sendo apenas uma como titular. Treze anos depois, ele acha que poderia ter contribuído mais com a equipe.

“O time era redondinho. Tinha dois volantes voando, três zagueiros ótimos, laterais muito bons… E quando eu treinava naquele ‘meinho’ ali entre os atacantes e os volantes, eu ficava muito à vontade, solto. Não tinha preocupação de marcar, sempre pegava a bola de frente, com o Grafite e o Tardelli pra fazer o pivô… Eu não queria ser titular! Eu queria era ser útil, aproveitado… E, sendo útil, eu, com certeza, brigaria por posição”.

Mesmo após o entrevero com Leão, Falcão não se arrepende de ter se aventurado no futebol campo. “Foi tudo fantástico. Não me arrependo de ter ido e nem de ter voltado. Iria de novo. Fui campeão paulista, participei de três jogos da Libertadores, fui campeão da Libertadores. O bater na bola é o mesmo, o fazer o gol é o mesmo. E eu tenho facilidade para jogar futebol (de campo). Nunca tive problemas. Ficou essa pulguinha atrás da orelha de todo mundo, mas acabou sendo bom, porque, até hoje, todo mundo me para e fala: ‘pô, Falcão, e o Leão no São Paulo, hein?’. Todo dia. É incrível!”.

Atualmente, Falcão está em fase final de carreira. “Ex-aposentado” da Seleção Brasileira, joga e é gestor do Magnus Sorocaba, time do interior de São Paulo que ganhou o último Mundial de Clubes. Desde que deixou os gramados, o ala faturou duas Copas do Mundo, tornou-se o maior artilheiro da história de todas as seleções de esportes ligados ao futebol e foi eleito mais três vezes o melhor jogador do mundo no futsal. Virou, definitivamente, uma lenda. A despedida das quadras deve acontecer dentro de poucos anos.

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