Abalada por escândalo, Fifa revela prejuízo de mais de R$ 1,1 bilhão em 2016

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/04/2017 13h14
EL10 ZÚRICH (SUIZA) 14/10/2016.- El presidente de la FIFA, Gianni Infantino, ofrece una rueda de prensa durante la reunión del Consejo de la FIFA en su sede en Zúrich (Suiza) hoy, 14 de octubre de 2016. EFE/Ennio Leanza EFE/Ennio Leanza Gianni Infantinom

Se há alguns anos a Fifa nadava em dinheiro e distribuía presentes luxuosos a seus dirigentes, os novos números financeiros da entidade revelam uma situação bastante diferente. Depois da prisão de vários dos seus membros e da fuga de patrocinadores, a entidade revelou nesta sexta-feira que acumulou perdas em 2016 de US$ 369 milhões (aproximadamente R$ 1,16 bilhão). Em 2015, as perdas já foram de US$ 112 milhões (R$ 352 milhões) e, para 2017, o buraco deverá ser ainda maior. 

A entidade, que tem sua renda dependente basicamente da Copa do Mundo, espera reverter tudo isso com o Mundial de 2018, para quando prevê uma receita de US$ 5,5 bilhões (R$ 17,3 bilhões). Mas dos 34 patrocinadores que esperava fechar, hoje conta com apenas dez deles. Entre seus dirigentes, poucos escondem que a crise é uma das mais sérias de sua história. 

De acordo com o balanço financeiro da entidade, mais de US$ 70 milhões (mais de R$ 220 milhões) foram gastos pela Fifa apenas para pagar advogados na tentativa de se defender de processos nos Estados Unidos e na Suíça. Outros US$ 50 milhões (R$ 157 milhões) foram gastos em custos com tribunais. 

Para fazer frente a essa crise, a Fifa está retirando dinheiro de suas reservas estratégicas, criadas apenas para tempos de dificuldades. Hoje, elas estão em US$ 1 bilhão (R$ 3,1 bilhões). Mas devem cair para US$ 600 milhões (R$ 1,89 bilhão) ao final do ano. Em todo o ano passado, a receita da Fifa foi de US$ 502 milhões (R$ 1,578 bilhão), com gastos de US$ 893 milhões (R$ 2,807 bilhões). 

Mas os dados mostram que a entidade continua com um comportamento de gastos consideráveis com seus cartolas, sempre hospedados em hotéis cinco estrelas. Apenas para a reunião que elegeu para a presidência Gianni Infantino em fevereiro de 2016 foram gastos US$ 7,5 milhões (R$ 23,6 milhões). No total, ela distribuiu US$ 82 milhões (R$ 258 milhões) em salários, abaixo dos mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 310 milhões) no ano da Copa do Brasil, em 2014. No ano, Infantino teve um salário de US$ 1,5 milhão (R$ 4,7 milhões), menos da metade do que Joseph Blatter chegou a receber. 

Outro fato que pesou foi a decisão de Infantino de usar o dinheiro da Fifa para distribuir para as federações nacionais, uma promessa de sua campanha e que resultou em votos. A cada quatro anos, as 211 federações tem direito a US$ 5 milhões (R$ 16 milhões) cada. 

Ao divulgar o balanço, a “nova Fifa” criticou investimentos passados da entidade, como a construção do seu museu, cujo prejuízo foi de US$ 50 milhões (R$ 157 milhões) apenas no ano passado. 

Para voltar a ter lucros, a entidade terá de obter uma receita de US$ 4 bilhões (R$ 12,6 bilhões) em 2018, o que permitiria que suas reservas sejam elevadas a US$ 1,6 bilhão (R$ 5 bilhões).

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