Ex-advogado do Bom Senso FC critica forte politização do movimento

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2014 09h12
Twitter/Reprodução João Chiminazzo ao lado de líderes do Bom Senso FC

João Henrique Chiminazzo é um dos grandes aliados do Bom Senso FC em busca de uma moralização do futebol brasileiro. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o advogado contou que se desligou oficialmente do movimento por discordar de algumas atitudes do grupo, criticando a forte politização e a aproximação com o sindicado dos jogadores profissionais. Contudo, ele ainda segue em contato com os principais líderes do movimento e defende que a lei de financiamento de dívidas dos clubes brasileiros deve prever punições mais severas e contundentes.

Advogado do Bom Senso FC no início, Chiminazzo expõe os motivos para o seu desligamento. “Infelizmente, o Bom Senso FC está tentando caminhar muito com o sindicato e, na minha opinião, ele foi e continua sendo inoperante. Além disso, não concordava com algumas questões políticas de conversas com governo que, para mim, é uma manobra eleitoral do governo para conseguir voto. Acho que, de alguma forma, o movimento ficou muito politizado”, disse.

Apesar das divergências, o advogado conta que não se distanciou do grupo. Acabei não concordando com algumas atitudes que o Bom Senso FC vinha tomando e preferi me desligar oficialmente, mas continuo colaborando com eles porque acho que a ideia é nobre e o futebol precisa mesmo de alguma mudança. Presto uma consultoria para eles, converso quase que todos os dias com os principais líderes do movimento”, explicou.

A lei que está em vias de ser aprovada pelo governo prevê um financiamento das gigantescas dívidas dos clubes, mas não exige deles que deem garantia “Acho que esse projeto de lei é um dos maiores absurdos que o governo pode criar. Infelizmente, vai surgir uma nova Timemania, na qual os times conseguiram financiar as dívidas e no dia seguinte já estavam contraindo novas dívidas. Acredito que o governo está deixando de lado o salário dos jogadores. Então, os governantes estão preocupados em viabilizar o pagamento da sua dívida e não dos salários dos atletas. Nós temos aí praticamente todos os clubes do Brasil com algum tipo de atraso com jogadores”, criticou.

Chiminazzo lembrou a importância de obrigar os clubes a limitar suas dívidas. “Tem que haver essa contrapartida dos clubes, a grande falha do Timemania foi essa. Não adianta você fazer o financiamento das dívidas públicas, mas deixar o clube continuar contraindo dívidas trabalhistas. Os clubes questionam que não tem dinheiro, mas seguem sempre contratando por valores astronômicos. Precisamos acabar com isso, os dirigentes tem que assumir essas atitudes como qualquer empresário”, opina.

Na opinião dele, os clubes precisam buscar um equilíbrio financeiro o quanto antes. “Utilizamos o modelo de fair play financeiro da UEFA adaptando para o Brasil. Não é que eu vou proibir o clube de contrair dívidas, mas preciso fazer com que o clube tenha uma situação saudável. As despesas do futebol precisam ser racionalizadas”, finalizou.

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