Censura? Promotor contradiz FPF e justifica retirada de faixas da Gaviões

  • Por Jovem Pan
  • 18/02/2016 13h33
Reprodução/Facebook O Bom Senso FC criticou a FPF por conta da repressão às faixas exibidas por torcedores corintianos

Há uma semana e meia, o Corinthians enfrentou o Capivariano, em Itaquera, e venceu a partida por 2 a 1. Mas se engana quem pensa que os protagonistas do jogo foram os atletas. O que mais chamou a atenção do público presente à arena alvinegra foi uma ação da Polícia Militar (PM) nas arquibancadas. Uma faixa de protesto exibida pela principal torcida organizada corintiana foi retirada à força pelo policiamento durante o confronto, o que levantou a seguinte questão: estaria havendo censura nos estádios de futebol? 

Em entrevista exclusiva ao repórter Raphael Thebas, da Rádio Jovem Pan, o promotor Paulo Castilho explicou o caso. De acordo com ele, a Polícia Militar apenas cumpre a determinação das entidades organizadoras do evento esportivo – no caso do Campeonato Paulista, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Paulista de Futebol (FPF). 

“É a entidade organizadora do evento que delimita o que pode e o que não pode ser feito dentro de um estádio de futebol. Se há a proibição da exibição de qualquer cartaz, bandeira ou faixa no estádio, ela cabe à CBF ou à federação local”, justificou Castilho, contradizendo o que foi dito pela Federação Paulista de Futebol em comunicado oficial divulgado na última quinta-feira. 

O promotor afirmou que, mesmo se a manifestação for pacífica, deve ser impedida – se assim for determinado pela entidade organizadora do campeonato. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Arena Corinthians, na semana passada. Membros da Gaviões da Fiel exibiram faixas com os seguintes dizeres: “Rede Globo, o Corinthians não é o seu quintal”, cadê as contas do estádio?” e “jogo às 22h também merecem punição”. Uma delas foi tomada pela PM. 

“É a entidade que impõe essa determinação. Ela não está prevista em lei, mas decorre de um complemento ao Estatuto do Torcedor. Cabe à Polícia Militar manter a ordem e a segurança dentro do estádio do futebol”, afirmou Castilho. “Fora do estádio, desde que sejam feitas de maneira ordeira e pacífica, as manifestações precisam ser respeitadas, pois vivemos em um estado democrático”, tratou de deixar claro o promotor. 

De acordo com o artigo 13-IX do Estatuto do Torcedor, é proibido “portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo” dentro de estádios de futebol no Brasil. Mesmo assim, a PM não retirou novas faixas de protesto da Gaviões da Fiel durante o clássico contra o São Paulo, no último domingo. O motivo alegado pelo árbitro? Falta de segurança.

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