O dia em que a Seleção do futebol arte nos fez chorar: 35 anos da eliminação na Copa de 1982

  • Por Thiago Uberreich/Jovem Pan
  • 05/07/2017 09h25 - Atualizado em 05/07/2017 10h46
Arquivo/Estadão Conteúdo Paulo Rossi foi o grande vilão da Seleção de 1982


A Jovem Pan na Copa do Mundo de 1982

A derrota é apenas um detalhe: pelo menos quando se fala na Seleção de 82, que há 35 anos foi eliminada pela Itália na Copa do Mundo.

Carlos Drummond de Andrade já dizia: um resultado negativo no esporte é um instrumento de renovação da vida.

Os caprichos do futebol: um time único e cheio de estrelas é até hoje reverenciado e lembrado pelo mundo da bola. Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Éder, Leandro e toda uma geração de craques tiveram um dia fatídico.

O 5 de julho de 1982 virou sinônimo de Paulo Rossi e de tragédia do Estádio Sarriá, em Barcelona, na Espanha. O time comandado por Telê Santana, que encantava o mundo, dependia de apenas um empate contra os italianos para chegar à semifinal da Copa.

1 a 0 Itália, 1 a 1, 2 a 1 Itália, 2 a 2……3 a 2, Itália: 3 gols de um insistente Paulo Rossi.

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O atacante Paulo Rossi, da Seleção da Itália, comemora o primeiro gol contra o Brasil

Poucos cronistas conseguiram expressar tão bem na ponta do lápis a derrota da Seleção Brasileira de 82. Carlos Drummond de Andrade ressaltava: “não é fácil encarar o resultado negativo quando os corações estão programados para a alegria”.

“Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria”.

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Capa do Jornal da Tarde do dia 6 de julho de 1982, com a notícia da derrota da Seleção Brasileira para a Itália ficou marcada na história

“Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida.
Tanto quanto a vitória, estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo”.

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Camisa 10 da Seleção Brasileira, Zico não conseguiu evitar a eliminação na Copa de 1982

“Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos?”

Já em 82, Carlos Drummond de Andrade enxergava que aquela Seleção Brasileira jamais seria esquecida:

“A verdade é que não voltamos de mãos vazias porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do espírito de competição.
Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos”.

A Seleção Brasileira de 82 ainda está viva na memória: a certeza de que o futebol arte não morre nunca.

*Com sonoplastia de Reginaldo Lopes

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