Paixão pelo Barcelona ajuda menina a superar cotidiano de conflitos no Iraque

  • Por Agencia EFE
  • 28/04/2015 06h52
Reprodução Jogadores do barcelona comemoram gol na vitória sobre o Valência

Anfal Amre é iraquiana, tem 15 anos e torce para o Barcelona, motivo pelo qual ganhou o apelido de “menina catalã”, paixão que não foi apagada nem pelos jihadistas do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

O quarto de sua casa, localizada em um vilarejo da província iraquiana de Saladino, chegou a se transformar em um verdadeiro santuário do clube espanhol, revestido com pôsteres da equipe, cortinas com o escudo e até mesmo uma colcha com as cores azul e grená, além de diversos produtos.

No entanto, os fundamentalistas islâmicos, que ocupam o norte do Iraque desde junho de 2014, acabaram com tudo.

A mãe de Anfal Amre, Sundus al Lami, explicou que a família fugiu para Bagdá com medo da violência devido à invasão dos mujahedins. No fim de março, após a libertação da região, que fica ao norte da capital, Sundus voltou para casa, mas o imóvel havia sido saqueado, e todas as referências ao Barcelona foram destruídas ou roubadas.

Anfal explicou à Agência Efe que seu amor pela equipe catalã surgiu anos atrás e a ajudou a preencher o vazio deixado pela morte do pai, assassinado por soldados americanos em 2004 durante a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos.

Apesar de ter apenas 5 anos à época, ela garante que lembra de tudo com intensidade e sofrimento iguais aos daqueles dias.

“Quando as tropas americanas mataram meu pai diante dos meus olhos, entrei em um estado de depressão, não saía de casa e não queria mais viver”, relatou.

Pouco a pouco, por influência do irmão mais velho, Leiz, passou a torcer pelo Barcelona, que, da mesma forma que o Real Madrid, conta com um grande número de torcedores no Iraque, onde os clubes são acompanhados com fervor apesar de guerras, invasões e atentados.

De acordo com a mãe, a crescente paixão da filha pela Barcelona a ajudou esquecer gradualmente da morte do pai e recuperar a alegria; por isso tomou “coragem” e economizou para comprar todos os tipos de objetos relacionados ao clube, disposta a “fazê-la esquecer a dor e a perda”.

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