Rara, mas não grave: entenda a lesão que assustou Jailson e os torcedores do Palmeiras

  • Por Jovem Pan
  • 23/08/2017 17h00 - Atualizado em 23/08/2017 18h08
Divulgação / Cesar Greco / Agência Palmeiras Goleiro do Palmeiras, Jailson sofreu uma lesão rara no tendão do quadril

A lesão do goleiro Jailson surpreendeu tanto os médicos quanto os torcedores do Palmeiras na última terça-feira (23). Da parte dos especialistas, a surpresa se deu pela raridade da lesão no jogador, um rompimento de um tendão no lado esquerdo do quadril, que atingiu apenas três pessoas ao redor do mundo e nunca foi sofrida por um atleta.

Já aos palmeirenses, ficou a apreensão por não saber quando poderão contar novamente com o defensor invicto do Alviverde no Campeonato Brasileiro, que já teve como descartadas a necessidade de aposentadoria forçada. Para ajudar a entender o que é essa lesão, a Jovem Pan conversou com o Dr. Ivan Pacheco, especialista em medicina do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (ESMEE), que esclareceu: “uma lesão rara nem sempre significa uma lesão grave”.

Oficialmente, o Palmeiras não divulgou qual o tendão foi rompido. Nas informações iniciais a respeito do afastamento de Jailson, após a disputa de pênaltis na partida contra o Barcelona de Guayaquil pela Copa Libertadores, foi dito que o goleiro sofreu uma lesão no músculo do glúteo.

Dr. Ivan explicou que existem três músculos glúteos: o maior, chamado de gluteus maximus, que dá a forma à nádega, e mais dois, o glúteo médio e o glúteo mínimo, que são mais laterais no quadril. “Eu trabalho com esporte e futebol há quase 30 anos, eu também não vi lesões nestes músculos até hoje”, colocou o especialista.

Sem a confirmação do músculo exato, o médico “simulou” a explicação com uma lesão no glúteo médio. “Ele é um músculo muito importante para manter o equilíbrio lado a lado. É o que dá o impulso no momento de um passo. Na hora que a gente vai levantar uma das pernas para dar um passo, o glúteo médio do outro lado tem que sustentar isso, não pode deixar a bacia cair”, explicou.

Não tão grave assim…

Após o susto inicial com a lesão sem prazo para retorno aos gramados, o Palmeiras descartou a chance de realização de cirurgia. Para Ivan Pacheco, é possível que Jailson necessite apenas da cicatrização para voltar às suas atividades como jogador, talvez ainda neste ano.

“Muitas vezes o tendão se separa, mas fica muito próximo do osso. A gente imobilizando aquele segmento, ele cria uma cicatriz e muitas vezes não precisa operar. Provavelmente, pode ser uma lesão rara com grande chance de cicatrização. Talvez em dois meses e meio ele já consiga fazer toda a função dele de novo”, apontou o especialista, que minimizou o peso da palavra “rara” para indicar a gravidade da lesão.

“O raro de uma lesão não quer dizer que ela seja grave e nem que precise de fazer cirurgia. Ao contrário, tem lesões que são muito comuns e muito mais incapacitantes, lesões que nem deixam o atleta voltar ao nível praticado. O fato de a lesão ser rara não significa que ele vai voltar ou não para o esporte”, esclareceu.

Jailson já se manifestou em suas redes sociais em tom otimista, prometeu voltar em breve, agradeceu o carinho recebido pelos torcedores e  revelou que já está fazendo musculação. Segundo o médico, este deve o caminho traçado pelo goleiro até a sua recuperação.

“Quando o paciente tem um tendão rompido, a gente deixa ele em repouso para que haja a cicatrização. Porém, um atleta não pode ficar muito tempo parado porque ele perde performance. O que se faz nesses casos são trabalhos utilizando outros músculos e que não prejudiquem aquele que está em tratamento. Ele pode deixar o glúteo em repouso e fazer exercícios para a parte anterior da coxa, panturrilha, braço e peitoral. Regiões que não exijam movimentos que possam prejudicar aquele tendão”, afirmou o especialista.

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