Sonho e reverência a 70 e 82: auxiliar revela o que fez Tite dizer “sim” à CBF

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2016 17h27

Cléber Xavier é auxiliar técnico de Tite desde 2001. Profissional vai acompanhar o treinador na Seleção

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians Cléber Xavier é auxiliar técnico de Tite desde 2001. Profissional vai acompanhar o treinador na Seleção

Os dias de espera entre a primeira reunião na CBF e o anúncio oficial de que Tite assumiria o comando técnico da Seleção Brasileira fizeram muita gente acreditar que o treinador do Corinthians diria “não” ao convite da entidade. A idolatria e respaldo que o gaúcho possuía dentro do clube, somados às diferenças ideológicas que aparentava ter com o presidente da entidade – cuja renúncia foi pedida pelo próprio técnico na assinatura de um manifesto, no fim do ano passado – por vezes tornaram improvável a assinatura do contrato oferecido pela CBF. Entre a viagem ao Rio de Janeiro e o desfecho da negociação, passaram-se seis dias. Tite disse “sim”. 

Mas o que fez o treinador aceitar a proposta da instituição que rege o futebol brasileiro? Uma semana depois da apresentação na sede da CBF, no Rio de Janeiro, o braço-direito do novo comandante nacional explicou como foram os longos seis dias que separaram a primeira reunião de Tite com Marco Polo Del Nero do anúncio oficial da concretização do negócio. Em entrevista exclusiva a Felipe Motta para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan, Cléber Xavier revelou por que o gaúcho de Caxias deixou o clube no qual é lenda para se arriscar ao escrutínio público à frente da Seleção. 

O Tite é um cara muito detalhista. Houve o convite, e, a parti daí, ele fez uma avaliação minuciosa de cada tema abordado na conversa. Só depois, tomou a decisão. Não foi diferente das vezes em que ele foi chamado para assumir outros clubes“, garantiu Xavier, que trabalha ao lado do técnico desde 2001, quando ambos foram campeões da Copa do Brasil com o Grêmio. Desde então, a dupla trocou de time nove vezes – em processos que, de acordo com o auxiliar, sempre consistiram na avaliação de pontos positivos e negativos observados durante reuniões iniciais com dirigentes.

No caso do convite de Marco Polo Del Nero, porém, houve uma particularidade: a possibilidade de Tite ocupar o cargo desejado por dez entre dez técnicos nascidos no Brasil – que demanda muita responsabilidade, é verdade, mas também dá ao treinador o privilégio de ter à disposição os melhores jogadores do PaísEste fatore, de acordo com Cléber Xavier, balançou o treinador, que, então, não teve outra alternativa a não ser abandonar o excelente e longevo trabalho realizado no Corinthians para assumir a Seleção mais vencedora da história. 

Sempre, para o treinador, é importante avaliar a qualidade dos atletas que ele irá comandar. Então, se você partir do princípio que, na Seleção, um técnico poderá trabalhar com os melhores jogadores de um País, este foi um dos pontos mais importantes para que o convite tenha sido aceito“, admitiu Xavier. O sonho de qualquer treinador é trabalhar com os melhores“, acrescentou o auxiliar de Tite. 

Se a qualidade dos jogadores seduziu Tite a fechar com a CBF, o desejo de resgatar a mística das Seleções de 1970 e 1982 também não foi ignorado peltécnico gaúcho nprocesso que lhe proporcionou encarar o maior desafio da carreira. próprio treinador indicou isto durante a entrevista coletiva da última segunda-feira, no Rio de Janeiro. Em meio a perguntas de jornalistas de todo o País, Tite fez questão de valorizar o legado das Seleções Brasileiras mais aclamadas de todas as Copas. 

Estas inspirações foram confirmadas por Cléber Xavier. “Pensamos assim: hoje, Bayern, Barcelona e os dois times que decidiram a Champions League (Real Madrid e Atlético de Madridtêm jogadores do Brasil. O Corinthians, que vem alcançado sucesso nPaís nos últimos anostambém tem atletas de nível de Seleção. Então, há muita qualidade no Brasil atualmente. Queremos resgatar aquela mesma sensação que tivemos quando éramos meninos, em 1970 e 1982“, afirmou o auxiliar. 

O povo brasileiro quer isto. Gostaríamos muito de chegar à Copa do Mundo de 2018 para, aí sim, proporcionar estas emoções às pessoas. O Tite funciona assim. Ele é um cara que busca um time equilibrado, bem posicionado, com conceitos bem claros de posse de bola, triangulações e marcação zonal, mas também se preocupa muito com as relações humanasEle não conseguseparar uma coisa da outra“, encerrou Cléber.

O Brasil começará a descobrir se Tite fez bem ao dizer “sim” à CBF em 2 de setembro. Será neste dia que o novo técnico nacional estreará à frente da Seleção, diante do Equador, em Quito, pela sétima rodada das Eliminatórias Sul-Americanas. Se o gaúcho de Caxias não classificar o País para a Copa, de nada terão adiantado as cansativas horas de reflexão que separaram o convite de Marco Polo Del Nero da assinatura contratual mais importante de sua vida.

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