Tite quer Argentina na Copa e surpreende ao pôr Bélgica entre mais “temíveis”

  • Por Jovem Pan
  • 12/04/2017 17h39

Tite vai comandar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018

Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação Tite vai comandar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018

Em entrevista exclusiva a Flavio Prado, Tite não revelou apenas que fará aulas de russo antes da Copa do Mundo de 2018. Durante a conversa, que foi ao ar no último fim de semana, na Rádio Jovem Pan, o técnico do Brasil abriu o jogo e contou quais são as seleções que, hoje, mais ameaçariam a possível conquista do hexacampeonato mundial.  

Tite ressaltou que, neste momento, não possui elementos e informações suficientes para dar uma opinião mais sustentada sobre o tema. No entanto, aceitou adiantar análises sobre os possíveis concorrentes do Brasil na Rússia.

O técnico colocou quatro campeãs mundiais no grupo das “seleções mais temíveis” do planeta. Além delas, surpreendeu ao citar a Bélgica, quadrifinalista em 2014, como potencial força da Copa.

“Posso adiantar que Alemanha permanece forte, a França tem uma geração forte, a Bélgica, em 55 anos de vida, eu nunca ouvi alguém falar que tinha jogadores do nível de Nainggolan, Hazard, WitselKompany… A Itália é sempre forte, a Espanha mantém as suas características… Não foge disto. Mas eu vou ter mais condições de falar sobre o assunto depois, afirmou.

Tite não pôs a Argentina na lista. No entanto, reconheceu a força albiceleste e disse que torce para que a seleção de Messi se classifique ao Mundial – neste momento, os hermanos ocupam a quinta posição das Eliminatórias e vivem momento delicado, com demissão de técnico e forte crise interna. 

“Prefiro que a Argentina se classifique, sim. Vejo que toda competição com maior qualidade te faz elevar o nível. Claro que há um lado de querer vencer, que te faz pensar: ‘pô, deixa fora a Argentina, deixa fora o Messi!”, mas não é assim... Não podemos prescindir das grandes seleções. É melhor sermos competentes para vencê-las“. 

Tite ainda explicou como conseguiu dar padrão tático à Seleção mesmo sem ter tempo para treinar; elogiou a “receptividade” de Neymar para “ouvir e entender no que precisa evoluir”; e surpreendeu ao revelar o que pensou ao assistir à partida entre Arsenal e Bayern de Munique, pela Liga dos Campeões da Europa. 

Veja, abaixo, a entrevista na íntegra!  

Como você conseguiu arrumar a Seleção sem tempo hábil para treinar? 

“Esse foi um dos maiores desafiosEra uma coisa que me afligia quando recebi o convite da CBF. Eu pensava: ‘como é que eu vou desenvolver esse trabalho sem tempo hábil para treinamento? Como eu vou me reinventar?’. Isso tudo batia muito na minha cabeça. Então, comecei a elencar alguns aspectos que poderiam ser interessantes e passei a me municiar de informações que pudessem apressar esse processo. Um deles: assim que terminam os jogos dos atletas, eu mando a estratégia para o jogo que vamos fazer. Se vamos exercer pressão alta, média, baixa, como será o processo de saída de bola, a marcação e ataque nas bolas paradas… E como traduzir isso em treinamento. A outra forma que eu encontrei foi o contato com os técnicos dos jogadores nos clubes. Posição/função, onde eles se sentem bem e de que forma abordá-los… Hoje, eu tenho noção de como lidar com eles. Mas antes eu não tinha. Essas foram algumas formas que eu encontrei para tentar potencializar a equipe”. 

Você não dá mais tantos treinos como antes… Como faz para não enferrujar? 

“Eu pensava… ‘Mas e o meu dia-a-dia? Como é que vai ser? Eu estou acostumado com o trabalho de campo, a interação…’. E, aí, eu me descobri. Preciso estar assistindo aos jogos. Eu me coloco na cabeça do técnico do Palmeiras, do técnico Flamengo, do técnico Corinthians, do técnico do Liverpool… Assisti ao jogo entre Bayern e Arsenal, e me coloquei na cabeça do Wenger. Dizia: ‘Wenger, faz alguma coisa, cara! Tu tá tomando quatro, cara… Mexe, grita, troca o time, faz alguma coisa!’. Eu me projeto assistindo. Fico com a adrenalina a milhão e o nível de concentração alto. É uma forma que eu tenho de me exercitar, também“.

Você mudou o Neymar? 

“Não, não… Não coloque desta forma. Ele tem a maturidade, as experiências, a qualidade técnica, a inteligência de poder ouvir um conselho… Hoje, eu tenho 55 anos e faço coisas que, com 24, nem pensava em fazer. Então, é bom ter uma pessoa que possa te aconselhar, mas, principalmente, ele ter essa receptividade de ouvir e entender no que precisa evoluir“. 

O seu grupo está fechado para a Copa? 

“Não. E não é nenhuma retórica, simbolismo, demagogia… Quem estiver bem vai para o jogo. Eu pego alguns exemplos. O Elias, em 2015, jogou muito no Campeonato Brasileiro… Mas machucou, não estava em um bom momento e não foi convocado por mim para a Seleção. O Cássio foi o maior jogador na Libertadores e no Mundial… E não foi convocado por enquanto. Então, não tem grupo fechado. Eu vou estar cuidando do melhor momento de cada atleta. A nossa comissão técnica vai acompanhar tudo para ser a mais justa possível“. 

Qual é a seleção mais temível, hoje, em termos de Copa do Mundo? 

“Eu vou acompanhar agora. Não tenho condições, elementos e informações suficientes para dar uma opinião mais sustentada neste momento. A partir de agora, com a classificação para a Copa, eu também vou acompanhar a Copa das Confederações, vou assistir a VTs de outras seleções importantes… Mas posso adiantar que Alemanha permanece forte, a França tem uma geração forte, a Bélgica, em 55 anos de vida, eu nunca ouvi alguém falar que tinha jogadores do nível de Nainggolan, Hazard, WitselKompany… A Itália é sempre forte, a Espanha mantém as suas características… Não foge disto. Mas eu vou ter mais condições de responder à esta pergunta mais para frente“.

Você prefere que a Argentina se classifique? 

“Prefiro que classifique, sim. Vejo que toda competição com maior qualidade te faz elevar o nível. Claro que há um lado de querer vencer, que te faz pensar: ‘pô, deixa fora a Argentina, deixa fora o Messi!”, mas não é assim. Temos de desenvolver, ser melhor para superar o adversário. Não podemos prescindir das grandes seleções… É melhor termos competência para vencê-las“. 

Você está aprendendo russo? 

“Vou começar a ter aulas. Combinamos com o Edu (Gaspar, diretor de seleções da CBF)... O pessoal do consulado russo nos disponibilizou um professor. E nós combinamos assim: só vamos revelar no momento em que estivermos classificados. E agora dá para falar. Ele vai nos ensinar algumas coisas básicas em russo, sim“. 

Por quê? 

“Porque você precisa se comunicar com o povo de alguma forma, ser simpático. Não tenho a pretensão de ser fluente em russo, mas sim de ser educado, simpático com o povo… Saber dizer um ‘bom dia’, um ‘por favor’, um ‘muito obrigado’. É o mínimo que posso fazer a partir do meu cargo, da minha responsabilidade…”.

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