Brasil enfrenta debandada de nadadores em busca de crescimento nos Estados Unidos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/12/2016 08h36
Rio de Janeiro - Atletas da natação treinam na piscina do Estádio Aquático, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fotos Públicas Natação - Fotos públicas

Em meio a uma crise institucional sem precedentes, a natação brasileira vê também uma debandada inédita. Pelo menos oito dos melhores jovens nadadores do País estão de malas prontas para fazer faculdade nos Estados Unidos e lá se desenvolver como atletas. Estão de saída nomes como Brandonn Almeida, medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, e Felipe Ribeiro, velocista que bateu um por um os recordes de Matheus Santana na base.

Trocar os programas de treinos dos clubes brasileiros pela oportunidade de estudar e treinar em solo americano não chega a ser uma novidade. Ricardo Prado foi um desbravador, nos anos 1980, mas, depois dele, fizeram este caminho Gustavo Borges, Cesar Cielo, Henrique Barbosa, Nicolas Oliveira, João de Lucca e Marcelo Chierighini.

Nunca, porém, tanta gente deixou o País de uma só vez. Dos bons nadadores que terminam o ensino médio este ano ou o fizeram em 2015, praticamente só não vai se mudar para os Estados Unidos quem não cumpriu os requisitos escolares. Pelo menos 14 nadadores, de diferentes níveis, já estão acertados com equipes da NCAA, a liga esportiva universitária.

Brandonn Almeida, de 19 anos, já se comprometeu com uma universidade tradicional: South Carolina. Nem ele nem o Corinthians comentam o futuro, à espera da aprovação em todas as provas. Maria Paula Heitmann, de 17, que foi ao Rio-2016 pelo programa do COB Vivência Olímpica, está fechada com Indiana, para onde seguirá em agosto. Para o Minas, clube dela, esse é “processo natural na história da natação brasileira, devido à ausência de uma política que una esporte de alto rendimento e formação acadêmica”.

Florida State vai se reforçar com Felipe Ribeiro, de 18 anos, da Unisanta, e Ana Giulia Zortea, de 16, do Flamengo. “Acho que enquanto a CBDA não resolver seus problemas internos, estaremos sempre nessa insegurança”, disse Ana Giulia, uma das cinco juvenis que disputou o Sul-Americano Absoluto pela seleção principal, este ano.

A crise da CBDA não é o único fator que leva os nadadores aos Estados Unidos, até porque a aprovação é um processo demorado, que dura mais de um ano. O cenário inclui o contraste de um bom momento da natação brasileira na revelação de talentos com o corte de investimentos dos clubes no início de ciclo olímpico.

No Missouri devem estudar Giovanny Lima, de 19 anos, e Bruna Primati, também de 19, as duas maiores revelações do Sesi-SP, ambos com passagens pela seleção brasileira adulta. Caio Pumputis, de 17, atleta mais eficiente do último Brasileiro Juvenil, do Pinheiros, vai para Georgia Tech.

No ano passado, 14 brasileiros participaram da NCAA, a maioria por universidades sem tradição. Destaque apenas para Arthur Mendes Filho, em Auburn, e Vinicius Lanza, em Indiana.

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