Palco de festas da Olimpíada e Paralimpíada, Maracanã tem futuro com incertezas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/09/2016 10h29

Queima de fogos no Maracanã durante Abertura da Paralimpíada do Rio

EFE Queima de fogos no Maracanã durante Abertura da Paralimpíada do Rio

Com o fim dos Jogos do Rio 2016, o futuro de um dos mais icônicos estádios do futebol mundial volta a ser tema de incertezas. Palco das quatro cerimônias – de abertura e de encerramento da Olimpíada e da Paralimpíada – e da primeira medalha de ouro olímpica do Brasil, o Maracanã ficará sob a gestão do Comitê Rio 2016 até o dia 30 de outubro – existe a expectativa de uma improvável antecipação de 15 dias.

Depois, passará por novo processo licitatório, já que a concessionária que administra o estádio não quer seguir com o atual acordo e o governo do Estado do Rio de Janeiro descarta retomar o controle. Enquanto isso, Flamengo e Fluminense se esforçam para voltar a jogar no principal estádio do Rio.

O governo fluminense solicitou à Fundação Getúlio Vargas (FGV) um estudo para viabilizar uma nova licitação, que deverá estar definida até março de 2017. Ao mesmo tempo, contudo, a Concessionária Maracanã desconversa e apenas informa que “mantém aberto o diálogo e as negociações com o Poder Concedente (Estado)” para seguir administrando o estádio.

Fato é que o consórcio que detém a concessão até 2048 não tem interesse em permanecer com o Maracanã nos atuais moldes. O contrato com a concessionária – formada pela empreiteira Odebrecht, que detém 95% dos ativos, e pela norte-americana AEG – sofreu alteração por parte do governo do Rio. O Consórcio Maracanã alega que a mudança do escopo do contrato é o maior motivo pelos sucessivos déficits que a operação do estádio vem provocando. O prejuízo ultrapassou R$ 170 milhões nos três primeiros anos, de acordo com o balanço financeiro da concessionária.

Em junho, o consórcio encaminhou ofício ao governo informando sobre a devolução da concessão, o que só será possível após a realização da nova licitação. O governo chegou a cogitar a transferência de outorga – Flamengo e Fluminense, em parceria com uma empresa, teriam interesse -, mas recuou devido ao risco de processos judiciais.

CLUBES – Enquanto paira a indefinição, Flamengo e Fluminense agem em duas frentes. A principal delas é voltar o quanto antes a atuar no Maracanã. Porém, a tendência é que só volte a ter jogo por lá em novembro. “A responsabilidade do Comitê Rio 2016 é devolver o Maracanã ao Estado, como ele estava, em 30 de outubro. Foram feitas uma série de modificações, questão de luz, som, alta tecnologia, fogos, para as cerimônias”, declarou Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê. “Já tivemos o pedido dos clubes (para antecipar a devolução), mas o mais importante é que possamos entregar. Queremos atender aos clubes, mas garantir isso é impossível”.

O maior problema é no gramado, que está sendo trocado após as cerimônias. A troca inclui a colocação de camadas – um metro de argila, 10 centímetros de pó de brita, 10 centímetros de brita para o sistema de drenagem e mais 30 centímetros de uma mistura de areia e matéria orgânica, onde ficará a grama. Todo o processo, incluindo o tempo para que o gramado fique em condições de uso, pode levar até 35 dias.

No longo prazo, tanto Flamengo quanto Fluminense querem seguir mandando seus jogos no Maracanã. Os dois clubes detêm acordos com a atual concessionária, mas a intenção deles é assumir o protagonismo na administração do estádio.

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