André Sá: tênis precisa se reinventar para agradar TV e fãs mais novos

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2015 16h56
ATP/divulgação André Sá

O tênis é um dos esportes mais tradicionais e conservadores do mundo. Mas precisa se reinventar e quebrar alguns tabus se quiser se manter como uma modalidade interessante para novas gerações de fãs e principalmente para as televisões e patrocinadores. Quem afirma, em entrevista exclusiva ao repórter Fredy Junior na Jovem Pan, é o experiente tenista André Sá, membro do Conselho de Jogadores da ATP e defensor de mudanças nas regras do esporte – mesmo que muitos atletas e dirigentes sejam contra.

“Eles gostam desse modelo conservador, com melhor de cinco sets, jogos de quatro ou cinco horas, aquela emoção imensa para o público. É difícil, mas um avanço é que a Copa Davis já terá mudança, o quinto set agora vai ter tie-break. Acho que é positivo, tem que escutar o que os fãs estão pedindo, e não só fazer o que é melhor para a gente. E eles estão falando que gostam de jogos mais rápidos. A ATP precisa ouvir isso para se adaptar ao lado do fã e da televisão”.

Segundo Sá, a ATP ainda é resistente a mudanças mais radicais para agilizar o jogo, mas algumas medidas já foram aceitas – além da implantação do tie-break em quinto set na Copa Davis, valendo já para 2016, alguns jogadores vêm sendo advertidos nos jogos por demorarem demais entre os pontos.

“É um desafio porque teria que mudar as regras, e como é um esporte muito conservador, é difícil mudar as regras. Mas vão se tentar coisas novas, a ATP quer criar novas maneiras para acelerar o ritmo das coisas. Com punição para jogadores que demoram muito entre um ponto e outro, já se notou uma diferença grande. Mas a TV sempre quer mais, e a gente fica de mãos amarradas, porque muitos jogadores não gostam dessas mudanças”, contou o tenista.

Um dos maiores “problemas” para as grades de transmissão é que os jogos de tênis não possuem horário determinado para acabar, ao contrário de modalidades como futebol ou basquete. Uma mudança nesse aspecto, porém, seria uma alteração muito drástica nas regras do tênis, criando um impasse que ainda está longe de uma solução.

“Hoje em dia, os jovens querem tudo muito rápido, e no tênis o maior desfaio é criar essa rapidez. Só que o tênis é um esporte clássico, não tem muito essa rapidez, demora entre os pontos. O que a TV mais reclamaé que o tênis não tem hora para acabar, é a grande diferença dos outros esportes. Futebol tem 90 minutos, dá tempo de formar a grade toda, colocar os patrocínios. No tênis, às vezes a pessoa espera para ver Federer ou Nadal jogarem, e pode acabar 3 horas depois ou em 50 minutos”.

Aos 38 anos, André Sá se mantém ativo no circuito de duplas da ATP ao lado do australiano Chris Guccione. O tenista também se prepara para disputar sua quarta edição dos Jogos Olímpicos defendendo a equipe brasileira de tênis no Rio 2016.

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