Ferrari anuncia saída de Luca di Montezemolo da presidência após 23 anos

  • Por Agencia EFE
  • 10/09/2014 10h46

Roma, 10 set (EFE).- Luca di Montezemolo deixará a presidência da Ferrari no dia 13 de outubro deste ano, após 23 anos no comando da fábrica italiana, e será substituído pelo diretor-executivo da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, conforme anúncio realizado nesta quarta-feira.

Em comunicado, a Fiat Chrysler, grupo a que pertence a Ferrari, explicou que o próprio Montezemolo pediu para deixar a função, o que acontecerá oficialmente após a entrada na bolsa de valores de Wall Street da marca do “cavalinho rampante”, que acontecerá em 13 de outubro.

A companhia aproveitou o comunicado do anúncio da saída do italiano e o agradeceu pelo trabalho desenvolvido no comando da Ferrari desde 2001, tanto pelos resultados econômicos como esportivos.

“Foi uma longa história de muito sucesso com a Ferrari, em que Montezemolo conseguiu metas expressivas, e manteve a equipe em um nível de excelência mundial”, diz a nota.

Outro que se dirigiu ao presidente da Ferrari por 23 anos foi John Elkann, presidente da Fiat e neto de Gianni Agnelli.

“Teve várias posições de responsabilidade, compartilhando comigo momentos de dificuldade, mas também de grande satisfação. A Luca, desejo tudo de bom para o futuro profissional e empresarial, com a esperança, compartilhada, que possamos voltar a ver a Ferrari ganhar”, disse o mandatário da companhia.

A saída de Luca de Montezemolo vinha sendo especulada há alguns dias, mas antes do Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1, disputado no último fim de semana no circuito de Monza, o próprio dirigente negou a possibilidade.

Recentemente, Montezemolo e Sergio Marchionne “trocaram farpas”, quando o ainda presidente da Ferrari se disse imprescindível para a companhia. O sucessor, questionado sobre a declaração, disse que não via nem ele, nem Montezemolo nesta posição.

Deixando as polêmicas de lado e falando apenas no “fim de uma era”, o chefão da escuderia italiana durante última grande fase, liderada por Michael Schumacher, garantiu que Marchionne é o homem certo para ir além com a Ferrari.

“A Ferrari terá um papel significativo a desempenhar junto com o grupo FCA na bolsa de valores de Wall Street no próximo mês. E isso vai abrir um novo e diferente estágio que eu penso que deve ser liderado pelo diretor-executivo do grupo”, disse em nota.

No texto que escreveu, além de agradecer a todos com quem trabalhou, Montezemolo aproveitou para lembrar o período em que conviveu com Enzo Ferrari, fundador da empresa.

“Meu pensamento agora vai aos torcedores, que não deixaram nunca de mostrar seu entusiasmo para com a escuderia, sobretudo nos momentos difíceis”, completou.

Com 67 anos, e nascido em Bologna, o italiano já foi presidente da Confindustria, organização patronal do país, e agora tem seu nome envolvido em novas especulações. A imprensa o aponta como o próximo mandatário da companhia aérea Alitalia, mas também fala da possibilidade na entrada na vida política.

Montezemolo chegou a ser considerado favorito para assumir o Ministério da Economia tanto no governo de Mario Monti, como de Matteo Renzi.

O ainda presidente da Ferrari estudou Direito na Universidade de La Sapienza de Roma e Direito Comercial Internacional na Universidade de Columbia, em Nova York.

Seus primeiros passos no mundo do automobilismo foram dados na Ferrari, em que começou a trabalhar com apenas 26 anos, como assistente direto do então presidente Enzo Ferrari. Em 1977, foi nomeado diretor de Relações Externas.

Neste período, a Ferrari ganhou o Campeonato Mundial de Construtores na Fórmula 1 por três anos seguidos, entre 1975 e 1997, e dois títulos de Pilotos, com o austríaco Niki Lauda, em 1975 e 1977.

Após os bons resultados na escuderia, Gianni Agnelli, o convidou para trabalhar na Fiat, para ser vice-presidente de Relações Externas, função que ocupou entre 1977 e 1981, e depois na ITEDI Spa, o grupo que controla todas as publicações da empresa automobilística (1981 e 1983).

Em 1991, se tornou presidente da Ferrari, mas entre 2004 e 2008 acabou foi indicado para substituir Umberto Agnelli na presidência da Fiat. A “promoção”, acabou sendo fruto dos resultados da escuderia de Fórmula 1, que dominou a categoria no início do século.

Seis anos atrás voltou a se dedicar exclusivamente a empresa do “cavalinho rampante”.

Montezemolo ainda foi presidente da Federação Italiana de Editores de Imprensa, executivo-chefe da produtora cinematográfica Rizzoli Video, vice-presidente da Juventus e diretor-geral do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália. EFE

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