Mustafá diz que manteria Kleina no cargo e nega ter indicado Luxemburgo

  • Por Jovem Pan
  • 09/05/2014 17h32
AE Mustafá Contursi

Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005 e atual membro do Conselho de Orientação Fiscal, é nome de influência nos bastidores do clube alviverde. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o conselheiro evitou críticas à gestãode Paulo Nobre, afirmou que optaria pela manutenção do técnico Gilson Kleina e minimizou a saída polêmica de Alan Kardec. Contursi detonou a forma com que o clube está lidando com o novo estádio e lamentou que apenas “as migalhas” restarão ao Palmeiras.

Contursi negou veementemente as notícias de que o COF estaria interferindo na vida do futebol do clube. “Isso é, mais uma vez, uma exploração política de um momento de dificuldade. O COF, nos últimos anos, tem servido de escudo a alguns momentos de dificuldades das diretorias. Isso não é verdade, o COF não interfere nos assuntos da administração a não ser aqueles que estejam na área financeira. Nós evitamos muito a discussão sobre futebol nas nossas reuniões”, garantiu.

 

O dirigente negou que o COF teria sugerido o nome de Vanderlei Luxemburgo ou de qualquer outro treinador para a vaga de Kleina. “A diretoria deve ter sentido a necessidade de mudanças por ter tomado esse decisão [demissão de Kleina]. O COF, algumas vezes, pode até ser consultado porque faz parte de sua função orientar. Porém, até agora não foi consultado nem sobre a demissão e nem sobre a admissão de qualquer outro treinador. Não sei se o nome dele [Vanderlei Luxemburgo] é exclusivamente o nome em pauta, mas ele tem desempenhos positivos e negativos, como qualquer outro profissional”, disse.

Se, por um lado, Contursi preferiu não palpitar no futebol do clube, por outro, ele criticou a gestão financeira da administração de Paulo Nobre. “Ainda não conseguimos corrigir os rumos da administração financeira do clube, esse é um fato. Não há uma redução de despesas na velocidade necessária para o equilíbrio do clube”. Sobre os contratos de produtividade implantados por Nobre, o ex-presidente não tomou partido. “Esse foi o caminho que ele escolheu. Dentro das atuais circunstâncias, pode ser uma correção de rumos dentro do Palmeiras, mas é tempo vai dizer se vai conseguir ou não implantar”

Saída de Alan Kardec

As críticas ao presidente Paulo Nobre aumentaram consideravelmente depois que o clube não chegou a um acordo com o atacante Alan Kardec e viu o seu artilheiro reforçar o rival São Paulo. Contursi isentou Nobre de responsabilidade sobre o caso e minimizou a importância do centroavante. “O meu conceito é o mesmo de outras contratações que acabaram trazendo outras dificuldades para o Palmeiras. O ponto de partida é saber onde está o dinheiro para gastar 4,5 milhões de euros [preço pedido pelo Benfica, clube detentor dos direitos do atleta] e eu tenho defendido essa tese. Em segundo lugar, não me parece que a questão era só de 20 mil antes ou 20 depois. A questão é que houve outros clubes interessados e o atleta tomou o rumo que achou que deveria tomar”.

O dirigente acredita que a falta de sucesso no acerto foi muito além da relação entre Kardec e Nobre. “Hoje em dia, não é só o atleta, há interesses de procuradores, agentes e clube de origem. Não sei como conseguiram valorizar o jogador dessa maneira. Os portugueses são bem espertos para revender um jogador que estava no time B por uma importância desse tamanho. Aliás, acho que nossas repatriações estão muito além do que temos que pagar, não só no Palmeiras, em geral”, avaliou.

Após a negociação, Nobre rompeu relações com a diretoria são-paulina. O ex-presidente preferiu não opinar sobre o caso. “Não tenho avaliação de como a relação aconteceu na intimidade dos dois clubes, se houve antes algum tipo de tentativa de invasão de prioridades ou coisas desse tipo. Não vou analisar algo que já está superado e já passou”, afirmou.

Allianz Parque

Com entrega prevista para o segundo semestre de 2014, o novo estádio palmeirense tem criado atrito entre a atual diretoria alviverde e a construtora responsável pela obra. “Estamos entrando com 500 milhões de patrimônio e isso tudo não foi debatido. Lá na frente vamos ver que o Palmeiras ficará com migalhas desse negócio todo. Estou afirmando que o clube não obterá a independência financeira que tanto falavam”, disparou.

Situação financeira do clube

Ele lamentou a situação financeira precária do clube, mas admitiu que talvez o clube tenha que se programar para investir em meio as dívidas. “Não existe na história do clube momento em que o Palmeiras passou por uma situação financeira tão catastrófica como a atual. Talvez tenhamos que nos habituar a investir no meio desse endividamento. O problema é que as dívidas que estamos administrando se acumularam nos últimos seis ou sete anos”, lamentou.

O ex-presidente negou os rumores de que ele teria grande influência nas decisões de Paulo Nobre. “Se fosse [homem forte da gestão de Nobre], o Palmeiras teria hoje gastos muito menores na sua administração. A prova de que eu não sou, é que esses gastos não foram reduzidos. Se eu tivesse alguma influência, eu com certeza teria conseguido impor uma filosofia de gastos menores na atual administração”, declarou.

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