André Brasil dá troco em Phelipe Rodrigues e leva ouro nos 100m livre no Mundial

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/12/2017 08h58 - Atualizado em 04/12/2017 08h58
Divulgação / Marcio Rodrigues / MPIX / CPB Phelipe Rodrigues e André Brasil fizeram dobradinha brasileira no pódio dos 50m e 100m no Mundial no México

Um dia depois de ter sido derrotado por Phelipe Rodrigues na final dos 50 metros livre categoria S10 do Mundial Paralímpico de Natação, André Brasil “deu o troco” no compatriota na decisão dos 100 metros da mesma classe neste domingo à noite, na Piscina Olímpica Francisco Marquez, na Cidade do México, onde conquistou a medalha de ouro com certa facilidade ao terminar a disputa com mais de meio segundo de vantagem sobre o seu compatriota, que ficou com a prata.

André terminou a prova em 52s60, enquanto Phelipe fechou a disputa em segundo lugar, com 53s24. Já o espanhol David Levecq faturou o bronze com o tempo de 56s19. O ouro também fez o nadador que leva o nome do País no seu sobrenome manter a hegemonia nesta prova em Mundiais Paralímpicos desde quando começou a disputar a competição.

Assim, o velocista, que tem apenas uma pequena sequela na perna esquerda – resultado de uma poliomielite que teve com apenas três meses de idade -, passou a ser o pentacampeão mundial desta prova, na qual também subiu ao topo do pódio em Durban-2006, Eindhoven-2010, Montreal-2013 e Glasgow-2015, que foram os palcos das últimas edições anteriores do evento.

André também alcançou o seu terceiro ouro neste Mundial em solo mexicano, onde já havia triunfado nos 100m costas S10 e no revezamento 4x100m masculino 34 pontos (que é a somatória dos pontos das categorias dos quatro nadadores que formam o quarteto de cada país) junto com a equipe brasileira, em duas provas realizadas na noite de sábado.

Na disputa anterior que travou com Phelipe, André teve de se contentar com a prata ao perder o ouro dos 50 metros livre ao ser superado por pouco na final, sendo que a prova marcou o primeiro título de seu compatriota na história da competição.

Como ocorreu após a conquista do seu primeiro ouro neste Mundial, André Brasil se emocionou bastante ao comemorar o seu feito na entrevista coletiva que concedeu após o triunfo. Prestes a terminar um ano em que enfrentou vários problemas pessoais, conforme ele mesmo revelou sem entrar em detalhes, o carioca de 33 anos de idade não conseguiu segurar as lágrimas.

“Queria ter mais tempo para aproveitar o meu filho, mas estou aqui fazendo o meu trabalho. Hoje consegui trocar um minuto de prosa com o meu filhote. Só queria que ele soubesse que eu o amo demais. Trocaria cada medalha que eu tenho por estar sempre com ele. Não foi um ano fácil. Só preciso me encontrar. Vou voltar para o Brasil depois do campeonato, não vou ter férias. Não é o momento de pausa e sim de resgatar forças internas”, disse o nadador, que destacou ainda o fato de que ele não só manteve a hegemonia nesta prova dos 100m, mas também repetiu a dobradinha brasileira com o companheiro de seleção.

“Cada braçada, cada prova tem sido um momento singular. Eu sempre acreditei que este seria o Mundial para fazer algo diferente. Faça feio ou faça bonito, hoje eu toquei na frente, assim como ocorreu ontem (sábado), com o Phelipe batendo em primeiro, mas o importante é que a dobradinha brasileira continua”, disse André.

Phelipe, por sua vez, exibiu certo conformismo com o segundo lugar nos 100 metros, embora tenha admitido que almejava o primeiro lugar também nos 100m. “Em nenhum momento pensei que não daria para ganhar o ouro, em todo o momento eu pensei que era possível até eu tocar na borda. Mas tenho certeza que não fiz os primeiros 50 metros no tempo que gostaria de fazer, mas acabei sentindo o cansaço de ontem (sábado), quando teve atraso na programação da competição e eu acabei indo dormir mais de meia-noite, tentando fazer trabalho de alongamento e isso, o cansaço que senti, se acumulou”, disse o nadador pernambucano, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo pouco depois da prova deste domingo.

O recifense ainda enfatizou que essas duas medalhas seguidas obtidas nos 50m e nos 100m o deixaram mais confiante para almejar grandes feitos neste ciclo que visa principalmente os Jogos Paralímpicos de Tóquio. “O que mudou é que acredito muito mais em mim e que eu posso ir muito mais além do que o Phelipe que chegou aqui achava que poderia chegar. Estou muito confiante para 2020 e com grandes expectativas”, avisou.

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