Após empate, dirigentes anulam voto e atletas ganham menos espaço no COB

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/11/2017 15h10
EFE Agência EFE Novo estatuto prevê que apenas cinco atletas poderão participar das votação no COB

Dirigentes de 15 confederações esportivas derrubaram uma das principais mudanças previstas para o novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB), aprovado em Assembleia Geral nesta quarta-feira (22), na sede da entidade, no Rio. Com direito à impugnação de um voto contrário, eles determinaram que os atletas terão direito a apenas cinco votos nas assembleias do comitê a partir de agora. O texto que foi a votação, defendido por entidades ligadas a atletas e pela própria comissão estatuinte, previa 12. A proposta de redução de 12 para 5 partiu da confederação de tiro esportivo e ganhou apoio de metade dos votantes.

Ao todo, 28 das atuais 30 confederações que tinham vaga na assembleia mandaram representantes. Apenas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a de Desportos no Gelo (CBDG) não compareceram. Bernard Rajzman, representante brasileiro no Comitê Olímpico Internacional (COI) e o judoca Tiago Camilo, da comissão de atletas, também participaram da assembleia, que durou cerca de quatro horas.

Um dos votantes, Eduardo Mufarej, da confederação de rúgbi, deixou o local mais cedo, mas antes declarou seu voto em favor do aumento para 12 atletas nas assembleias. Quando a proposta foi a votação, houve empate em 15 a 15. Com isso, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, que votou por cinco atletas nas assembleias, defendeu a impugnação do voto de Mufarej. E os outro 14 que votaram pela redução da representatividade prevista conseguiram o seu pleito.

Além dos dirigentes do tênis de mesa e do tiro esportivo, votaram contra o aumento os dirigentes das confederações de boxe, canoagem, ciclismo, ginástica, handebol, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, taekwondo, tênis, tiro com arco, vôlei e luta olímpica.

A mudança frustrou membros da comissão estatuinte. “Obviamente, não foi o que a classe gostaria, que era um terço”, disse Tiago Camilo. “Eles (representantes de confederações) achavam que era muito”.

O argumento dos que votaram por cinco representantes é que isso representa “um aumento de 500% em relação ao que era. Camilo, porém, lamentou a decisão e usou a própria votação como exemplo. “Eu tinha direito a apenas um voto. O que a gente quer é justamente que seja mais democrático”, declarou.

Outro membro da comissão que redigiu o novo estatuto também lamentou a decisão. “Achei ruim, por isso votei contra”, disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela). “Acho que não é o que a sociedade e todos nós esperávamos.”

Caso a votação terminasse empatada, o voto de Minerva caberia a Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB. Ele não quis comentar qual seria sua decisão, mas argumentou que a impugnação do voto do rúgbi “foi uma questão legal”.

Ele admitiu a possibilidade de isso terminar na Justiça. “Tanto um lado como o outro poderiam se sentir prejudicado”, argumentou Paulo Wanderley. Questionado se não haviam alertado que o voto do representante do rúgbi não valeria no momento em que ele foi dado – e não depois da contagem -, o presidente do COB comentou que “estava tudo andando certinho e ninguém imaginava que isso iria acontecer”.

OUTRAS MUDANÇAS – Fora a questão da representatividade de atletas, o novo estatuto manteve o que estava previsto. Ele permite que qualquer brasileiro com mais de 18 anos concorra ao comando da entidade. Também, a criação de um conselho de administração, um de ética e um fiscal. O COB ainda passará a ter um diretor geral (CEO) remunerado.

Até hoje, apenas membros do COB podiam apresentar chapa para se candidatarem à presidência do COB. A apresentação de candidaturas também será facilitada: quem tiver interesse deverá ter o apoio de três membros da assembleia geral. Antes, eram exigidos 10 apoios.

O Conselho de Administração será formado por 15 pessoas: o presidente e o vice do COB, o membro brasileiro no Comitê Olímpico Internacional (COI), oito representantes de confederações (exigência da Carta Olímpica), dois representantes dos atletas e dois independentes.

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