Política ferve, mas… O que futebol do Corinthians pensa sobre possível impeachment?

  • Por Jovem Pan
  • 17/02/2017 18h30

Roberto de Andrade corre sérios riscos de ser destituído da presidência do Corinthians

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians Roberto de Andrade corre sérios riscos de ser destituído da presidência do Corinthians

O Corinthians não vai viajar, entrar em campo e muito menos disputar uma final de campeonato, mas encara esta segunda-feira como um dia decisivo para o restante da temporada. A partir das 18h (de Brasília), o conselho deliberativo alvinegro vota o pedido de destituição do presidente Roberto de Andrade – que é acusado de ter assinado ata de assembleia como presidente do clube dois dias antes de ser eleito. 

Se a maioria absoluta dos votantes acolher o requerimento de impeachment, Andrade será afastado, e a destituição, questão de tempo. Se o pedido for negado, o caso será encerrado, e o presidente, mantido no cargo. 

A política ferve… 

Mas e o futebol? O que pensa a respeito do processo que colocou em xeque a possibilidade de Roberto de Andrade seguir na presidência corintiana até fevereiro de 2018? 

Foi isto o que o repórter André Ranieri desvendou.  

Na última sexta-feira, o repórter da Rádio Jovem Pan conversou com exclusividade com os três homens mais importantes do departamento de futebol do Corinthians, e os questionou sobre a votação que promete definir os rumos da política alvinegra. 

O diretor de futebol, Flávio Adauto, o gerente de futebol, Alessandro Nunes, e o técnico do time profissional, Fábio Carille, não fugiram de nenhuma pergunta.

Veja abaixo! 

Flávio Adauto, diretor de futebol 

O que o departamento de futebol espera da votação desta segunda? 

“Eu espero um resultado positivo, a permanência do Roberto no cargo. Analisando tudo o que aconteceu até agora e, principalmente, o parecer da Comissão de Ética, não me resta a menor dúvida de que não houve má intenção, dolo e de que o Roberto não cometeu nenhuma fraude, nenhum crime, nada de errado. Eu vejo tudo isto como um movimento político que se aproveita de um pequeno equívoco e quer transformá-lo em motivo de impeachment“. 

O que os conselheiros devem votar? Há algum termômetro? 

“Houve muita conversa. Tivemos umas dez reuniões com grupos de conselheiros. Sentimos claramente que, mesmo que haja um descontentamento com o futebol e a administração da Arena, é quase unanime o pensamento de que isso não justificaria um possível impeachment. Sempre que um presidente foi destituído, o Corinthians teve prejuízos… Nunca se deu bem com isso. Eu sou da tese de que os mandatos devem ser respeitados até o fim. Acabando a gestão, aí sim os movimentos políticos podem tentar chegar ao poder. Com o voto, não com a destituição“.

O processo de impeachment atrapalhou o futebol do Corinthians? 

“Tenho quase certeza absoluta de que não. O torcedor se manifesta, o dirigente se manifesta, mas os jogadores, de uma maneira em geral, estão muito mais preocupados com o rendimento deles, os resultados, a carreira... Não que sejam alienados, mas sim despreocupados com relação a quem os dirige. Até porque sempre houve um relacionamento estritamente profissional entre os diretores e os jogadores do Corinthians. Nunca houve interferência de atos políticos ou administrativos no departamento de futebol”.

O quão prejudicial seria um impeachment para o Corinthians? 

“Eu não pensei nessa fórmula, não pensei em plano B. Eu não tenho nenhum apego a cargo. Quero é ser útil ao Corinthians, e posso ser muito útil na arquibancada, torcendo… Se o demais também pensassem assim, os problemas seriam amenizados. Não pensei na destituição do Roberto. Eu acho que isso é quase ilógico. Sinto que esse impeachmet não vai prosseguir“. 

O mau momento do futebol pode fazer conselheiros votarem a favor do impeachment? 

“É difícil, porque cada cabeça é uma cabeça. Cada um pensa de uma forma. Tem gente que transforma um resultado negativo em uma avalanche, assim como também tem gente que prefere esperar, avaliar com calma. Mas eu acho que, em um problema tão sério como esse, que envolve o principal mandatário do clube, você não pode se deixar levar se uma bola bateu na trave, se o time ganhou por 1 a 0 ou perdeu por 2 a 1… O caminho é pensar no futuro, observar que há uma gestão em curso. A Comissão de Ética foi claríssima ao dizer que os problemas surgidos não têm força suficiente para provocar o impeachment“. 

Alessandro Nunes, gerente de futebol 

O que o departamento de futebol espera da votação desta segunda? 

“Nós estamos bastante confiantes, conhecemos o nosso presidente… O próprio Roberto já disse e explicou tudo. Então, é esperar a votação e torcer para que ele tenha uma sequência de trabalho no clube. O presidente está se dedicando, e muito, para a instituição, e não é de hoje. Elestá ativo na política do Corinthians há muitos anos, colheu muitos frutos… Não é em um momento de dificuldadepelo qual muitas instituições passamque a gente tem de sair julgando e querendo tirar um direito conquistado legalmente. O presidente tem todo o nosso respaldo para seguir com a sua gestão até fevereiro de 2018″. 

O pedido de impeachment teve alguma motivação política? 

“Infelizmente, sim. Tudo leva a crer que sim. Muita gente, na verdade, não busca nem ter conhecimento de tudo o que aconteceu e já levanta a placa do impeachment. É um pouco do lado social do ser-humano… É muito mais fácil julgar do que procurar saber o que de fato aconteceu. Ficamos tristes com isso, mas temos de levantar a cabeça. É lamentável que uma instituição com tantos anos de glória chegue a este ponto“.

O processo de impeachment atrapalhou o futebol do Corinthians? 

“Eu não diria que atrapalhou, mas incomodou. Eu não vou colocar que atrapalhou, porque o presidente sempre deu autonomia e respaldo para que a diretoria continuasse fazendo avaliações e tomando decisões. Mas incomodou porque todo mundo quer calma e paz para trabalhar. Hoje, vivemos um momento muito turbulento, no qual muita gente quer fazer barulho sem nem saber por que“. 

O mau momento do futebol pode fazer conselheiros votarem a favor do impeachment? 

“Não pode. Não acredito que tenha influência, sinceramente… Primeiro, porque completamos recentemente um mês de trabalho. É muito cedo para fazer avaliações do que será o segundo, o terceiro, o quarto mês. Estamos com uma comissão técnica nova, diversos jogadores novos… Ainda buscamos um entrosamento e uma recuperação técnica. Esperamos que não haja interferência nenhuma na decisão dos conselheiros. Queremos que eles pensem na instituição, e não só em um ou outro departamento“. 

Fábio Carille, técnico do time profissional 

Como a comissão técnica do Corinthians vê a reunião desta segunda-feira? 

“O Roberto é uma pessoa na qual confiamos muito… Ele sempre nos deu bastante respaldo. Torcemos para que as coisas aconteçam a favor dele. Que ele continue no clube, trabalhando com o restante da equipe”. 

Você e os jogadores temem que o Roberto seja destituído? 

“Não trazemos este assunto para cá. Estamos blindados com relação a esta situação. Mas sabemos que o resultado sempre influencia um pouquinho… De toda a forma, o nosso trabalho é para melhorar a equipe, para que ela vença os jogos e se mantenha no topo“. 

O departamento de futebol perdeu o foco por causa da chance de impeachment? 

“Quando se está no CT, não se fala sobre política. Quando o Alessandro e o Flávio Adauto vêm para cá, só tratamos sobre futebol, reforços, calendário… Nunca discutimos sobre política. Temos bastante tranquilidade para trabalhar”.

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