Ronaldinho vai se aposentar. Mas poderia ter tido um fim de carreira diferente

  • Por Bruno Landi/Jovem Pan
  • 07/09/2016 17h38

Um dos maiores da história EFE Um dos maiores da história

“Espera aí… Mas ele já não estava aposentado?” 

A dúvida que muitos torcedores tiveram no início da tarde desta quarta-feira, quando Ronaldinho anunciou que vai pendurar as chuteiras daqui a um ano, é emblemática. E só comprova que o gaúcho de Porto Alegre, que tanto assombrou o mundo em um passado não tão distantefalhou em ter o fim de carreira que um craque do seu estirpe merecia. 

Os mais novos, que hoje exaltam (com toda razão) os incríveiMessi e Cristiano Ronaldo, podem não saber, mas, por pelo menos 700 dias, Ronaldinho foi tão ou mais espetacular que os dois craques que, há quase uma década, polarizam o futebol mundial. O que o brasileiro fez em 2004 e 2005, vestindo a pesadíssima camisa do Barcelona, foi único. Mágico. Esplendoroso. 

Por dois anos, Ronaldinho transformou campos em palcos. A maneira como deixava adversários para trás, descolava passes em profundidade e controlava a bola impressionava. Dribles desconcertantes, toques sem olhar, cobranças de falta surpreendentes e finalizações certeiras eram recursos corriqueiros, quase que obrigatórios a cada atuação do craque. Tudo isso, com um gingado ímpar, nunca visto desde que o mundo é mundo.

Tamanho talento foi recompensado com duas Bolas de Ouro, em 2004 e 2005. Pouco? Não. Suficiente. Ronaldinho foi um cometa: surgiu fenomenal, teve dois anos primorosos e só deixou de brilhar perto do fim. Não se compara a Adriano, por exemplo, que se perdeu pelo caminho e largou o futebol quando ainda tinha muita lenha para queimar. E nem a Zinedine Zidane, que se aposentou no auge, aos 34 anos, em uma final de Copa do Mundo. 

Ronaldinho demorou muito para dar adeus ao esporte que nasceu para praticar. Ou, como você preferir, perdeu o foco cedo demais. Depois de sair do Barcelona, em 2008, o craque teve passagem digna pelo Milan, jogou em bom nível pelo Flamengo e teve duas temporadas magistrais pelo Atlético-MG. Até que, em 2014, resolveu ir para o México.  

Ali era a hora de parar. Ronaldinho tinha os mesmos 34 anos de Zidane e, meses antes, havia faturado um espetacular título de Libertadores como protagonista de um dos clubes mais populares do Brasil. Difícil imaginar melhor momento para se aposentar. Ele deixaria o futebol com a reputação intacta, o bolso cheio e teria tempo de sobra para curtir a vida e, quem sabe, arriscar-se no ramo musical. Teria “aval” para isso.

Mas Ronaldinho quis continuar. E, desde então, não foi nem sombra do atleta que assombrou o planeta nos anos 2000. Empresariado pelo irmão, Assis, ficou menos de um ano no Querétaroonde ganhou um título, mas foi bastante criticadoteve passagem relâmpago pelo Fluminense e… desencanou. Fez partidas festivas em algumas partes do planeta, gravou música com Wesley Safadão e até jogou futsal na Índia. Partidas oficiais? Nunca mais.

Não precisava ser assim.

Ninguém imaginava que Ronaldinho penduraria as chuteiras jogando o que jogou na década passada, quando fez até lembrar Pelé. Mas também ninguém cogitava um fim como esse, melancólico para um dos maiores gênios que o futebol já viu. Daqui a um ano, quando tiver 37, Ronaldinho vai se despedir do esporte como um dos maiores da história. Ao mesmo tempoficará a sensação de que, se ele falhou como jogador, foi ao escolher o momento de parar.

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