Salário zero e fé por um “bom jogo”: a realidade de um atleta da Lusa na Copinha

  • Por Jovem Pan
  • 05/01/2017 17h14

Portuguesa pretende usar jogadores da Copa São Paulo de Futebol Júnior no elenco profissional

Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo Portuguesa pretende usar jogadores da Copa São Paulo de Futebol Júnior no elenco profissional

Afundada em dívidas, recém-rebaixada à Série D e prestes a disputar a Série A2 do Campeonato Paulista, a Portuguesa vê na Copa São Paulo de Futebol Júnior a grande possibilidade de reforçar o seu elenco para a próxima temporada. O mesmo acontece com os jovens atletas que vão vestir a camisa da Lusa no principal torneio da base brasileira: a Copinha parece ser a única luz no fim do túnel. 

Que o diga Breno Stapcinskas 

Zagueiro de 19 anos, o novato jogador de 1,84m parece ser o reflexo do atual momento da Portuguesa: no clube há um ano e meio, não recebe salários para atuar no time sub-20 e depende dos pais para se sustentar na capital paulista. A única esperança que tem é a de fazer ao menos um “bom jogo” para tentar assinar um contrato profissional – seja com outras equipes, seja com a própria Lusa. 

Eu não ganho salário. Quando vim do Nacional para cá, tinha um contrato profissional. Mas, aqui, tive de reverter, porque eles não iriam assumir... Então, para poder jogar, eu tive de reverter o meu contrato para amador. Até hoje, ainda não recebei nenhum contato do profissional da Portuguesa”, revelou o jovem defensor, em entrevista exclusiva a Bruno Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan. 

“Só recebi duas ajudas de custo da Portuguesa até agora. O certo da ajuda de custo é todo mês? Mas nunca ninguém me prometeu pagar todo mês. Não teve nenhum combinado deste tipo, explicou. “Eu dependo dos meus pais. A gente passa um pouco de dificuldade, mas não me falta nada. Meus pais estão sempre ralando, embora seja difícil não receber de um clube e depender dos pais com 19 anos. Mas é tudo em busca de um sonho. Um bom jogo pode mudar tudo, me render um contrato. É viver no sonho, na esperança“, complementou.

A maior oportunidade da vida de Breno está em curso: é a Copa São Paulo de Futebol Júnior. O zagueiro está inscrito na competição nacional e aposta nela para, quem sabe, ser aproveitado entre os profissionais da Portuguesa. A mudança na alta cúpula rubro-verde, que elegeu novo presidente, contratou o técnico Tuca Guimarães e anunciou o consultor de futebol Emerson Leão, fez ressurgir a  dos jovens do clube.

“O novo presidente assumiu agora. Tudo está em fase de mudança. Hoje, o elenco profissional tem apenas 14 jogadores. Então, para a genteque joga a Copinha, há uma esperança. O presidente, o Leão e o Tuca têm enchido a gente de esperança. Dizem que, se a gente for bem na Copinha, vai subir para os profissionais, porque há poucos jogadores no time de cima, revelou. 

Na gestão anterior, mal havia essa interação. Acho que o antigo presidente nunca tinha vindo conversar com a gente, da base. Essa relação melhorou muito agora. Eles estão dando mais atenção e mais valor para a base. Disseram que vão acompanhar todos os jogos da Copinha… O presidente falou com a gente antes e depois da primeira partida. Está sendo muito legal”, finalizou. 

Pior fase da história 

A Portuguesa vive o pior momento de sua história. Rebaixada no tapetão em 2013, está na quarta divisão do futebol brasileiro, na Série A2 do Campeonato Paulista e imersa em uma crise financeira sem precedentes. O estádio do Canindé só não foi leiloado por falta de interessados, e a dívida da agremiação hoje beira os R$ 200 milhões. Para piorar, a Lusa ainda tem 100% de suas receitas presas pela 59ª Vara do Trabalho de São Paulo.

  

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