2017 será um ano mais tranquilo? Começamos mal

  • Por Jovem Pan
  • 04/01/2017 16h36

Familiares esperam por notícias sobre familiares mortos em presídio de Manaus

EFE/Jander Robson EFE - Familiares esperam por notícias sobre familiares mortos em presídio de Manaus

Começamos o ano mal, muito mal.

Antes mesmo de chegarmos ao quinto dia útil de 2017, o povo brasileiro recebeu duas notícias que envolveram nada menos do que 68 mortes.

Em Campinas, na região metropolitana de São Paulo, um técnico de laboratório executou 11 pessoas de uma mesma família, incluindo seu filho de apenas oito anos. 

No norte do País, uma briga entre facções criminosas no presídio Nelson Jobim, no Amazonas, resultou na morte de 56 presos.

Os detalhes são escabrosos e vão de dezenas de corpos decapitados até a execução da criança com um tiro na nuca. Duas tragédias, correto? Mas ambos os crimes não foram exatamente uma surpresa.

De um lado, uma ex-mulher que recebeu ameaças durante dez anos seguidos do ex-marido e registrou nada menos do que cinco boletins de ocorrência relatando agressões verbais, físicas e até mesmo ameaças de morte.

Do outro, uma chuva de denúncias do aparato organizacional do qual as facções dispõem. Estariam envolvidos advogados, políticos e até mesmo juízes.

Uma operação da Polícia Federal em 2015 detectou a ameaça do ataque. Em seu relatório final, a La Muralla (nome da operação) aponta que “a FDN possui uma forte relação ou aliança com o Comando Vermelho-CV, facção criminosa do Estado do Rio de Janeiro, e uma espécie de rixa com os membros da facção Primeiro Comando da Capital-PCC”.

Ainda de acordo com a PF, já existiam em 2015 “planos para o assassinato de todos os membros desta organização criminosa paulista que se encontram presos em Manaus”.

Como pode o anúncio de duas tragédias desse porte estarem tão à luz e, tal qual um inevitável apocalipse, ainda acontecerem?

Especialistas dos mais diversos tipos estão lotando as manchetes de jornais e capas dos portais da internet. As discussões são as mais variadas possíveís: “de quem é a culpa”, “foi ou não chacina”, etc. 

O principal fato, no entanto, não pode passar despercebido: a negligência do Estado em ambos os casos.

Alô, ministério de Justiça!

Em 2016, o Brasil enfrentou uma das maiores crises políticas de sua história. Vivemos os últimos tempos sob o signo da corrupção, do qual o povo finalmente passou a desejar se libertar.

Em 2017, ainda na primeira semana um único sujeito se enxerga no direito de matar uma família inteira, ao mesmo tempo em que dois grupos criminosos protagonizam uma verdadeiro show de horrores em uma das principais capitais brasileiras.

Em comum? Ambos os autores dos crimes se colocaram acima das leis.

Não podemos, depois de tanta luta em 2016, enfrentar mais um ano de caos social.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.