Amigos e colegas de profissão relembram trajetória de Márcio Thomaz Bastos

  • Por Jovem Pan
  • 21/11/2014 14h20
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 01-12-2011, 21h00: Marcio Thomaz Bastos, advogado e ex-ministro da Justiça no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no lançamento da candidatura do advogado criminalista Alberto Toron à presidência da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil- Seção de São Paulo), na pizzaria Veridiana, em São Paulo (SP). (Foto: Alexandre Rezende/Folhapress, MÔNICA BERGAMO) Alexandre Rezende/Folhapress márcio thomaz bastos

O corpo do ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, foi cremado nesta manhã no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo.

Um dos mais influentes advogados do país, Bastos comandou o Ministério da Justiça entre 2003 e 2007, durante o governo Lula.

Quando deixou a pasta, permaneceu em evidência, atuando em casos de repercussão nacional, como o processo do mensalão. Márcio Thomaz Bastos defendeu o ex-vice-presidente do Banco Rural, José Salgado, no Supremo Tribunal Federal e foi bastante criticado por isso.

(Ouça detalhes no áudio acima)

Márcio Thomaz Bastos presidiu a OAB de São Paulo entre 1983 e 1985 e o Conselho Federal da OAB entre 1987 e 1989.

Para o amigo e advogado Antonio Claudio Maris de Oliveira, a marca do ex-ministro era o respeito com os colegas de profissão. “Numa das salas de seu escritória, havia uma placa com os nomes dos colegas”, relatou.

Durante o período em que presidiu a OAB, Marcio Thomaz Bastos esteve ligado ao movimento Diretas Já.

O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasi, Cesar Brito, afirmou que a coerência e a luta pela liberdade marcaram a carreira de Bastos. “O Brasil consolidava sua democracia e precisava avançar para revogar o entulho autoritário da Ditadura Militar”, avaliou Brito, ressaltando a importância da transição democrática.
O corpo do criminalista foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo e a cerimônia contou com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

O vice-presidente da República, Michel Temer, declarou que conhecia Márcio Thomaz Bastos há mais de 35 anos. “A democracia perde um símbolo e a vida pública perde um grande homem”, afirmou Temer.

A presidente Dilma Rousseff pediu que o ministro da Justiça falasse em nome do Governo sobre a morte de Márcio Thomaz Bastos.

José Eduardo Cardozo enfatizou que o Brasil perdeu “um grande homem, que lutou pela democracia”, facilitando a autonomia da Polícia Federal, por exemplo.

Como ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos teve atuação destacada na modernização do sistema judiciário brasileiro.

O ex-presidente do STF, Nelson Jobim, ressaltou que atuaram juntos no governo Lula em dois grandes pactos republicanos. “A minha relação com ele era muito boa”, disse Jobim, ressaltando “os dois grandes pactos pelo judiciário” feitos durante o governo Lula.

O senador José Serra também lamentou a morte do criminalista Márcio Thomaz Bastos. E disse que ele era um homem público que soube honrar a dignidade do seu cargo como ministro da Justiça. Serra contou que Bastos chegou a advogar para ele na década de 1990.

Poucas horas antes de falecer, Márcio Thomaz Bastos recebeu a visita de colegas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Augusto Arruda Botelho, um dos advogados que esteve com o criminalista, contou que o ex-ministro queria saber sobre o caso Lava Jato.

Botelho disse que o criminalista “sempre queria saber as novidades que estavam acontecendo” e que Bastos deixa uma “voz a favor da justiça”.

Márcio Thomaz Bastos estava internado há uma semana e morreu nesta quinta-feira, aos 79 anos, em decorrência de complicações pulmonares.

Nascido em Cruzeiro, no interior paulista, em 1935, o ex-ministro formou-se em 1958 na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

(Fotos do corpo do texto: Folhapress)

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