Após confirmação de mudança, novo endereço de Ceagesp segue indefinido

  • Por Diogo Patroni/Jovem Pan
  • 23/02/2018 12h00 - Atualizado em 23/02/2018 16h19
Fotos Públicas Fotos Públicas Ceagesp é o maior entreposto comercial do Brasil e recebe até 60 mil pessoas por dia

Na última quarta-feira (21), o prefeito João Doria (PSDB) anunciou que a sede do Ceagesp (Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo), na região da Vila Leopoldina, cujo fluxo diário é de até 60 mil pessoas e 5 mil caminhões por dia, será desativada. Até 2020, o terreno de 600 mil m² dará lugar ao Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (SP CITI). Mas ainda não há um outro local definido para abrigar o novo Centro de Distribuição.

Alguns rumores dão conta de que a futura sede pode ser erguida em Suzano, 70 km do atual mercado. A opção, aliás, é a que mais desagrada aos permissionários, conforme a pesquisa de satisfação realizada pelo instituto Polo de Pesquisas, encomendada pela APESP (Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo).

O estudo ouviu 1247 permissionários, dos 1707 existentes, 38,8% dos entrevistados responderam que Suzano seria o pior local, enquanto que 23,18% preferem Osasco e 21,57% Perus. “A questão da logística é o principal problema em Suzano. Em torno de 35% da produção do mercado atende feiras livres e lá haveria uma grande dificuldade dos caminhões em chegar ao local, o que poderia encarecer o valor dos produtos. Sem contar, que trabalhamos durante a madrugada e não haveria estrutura e segurança. Além disso, toda nossa mão de obra está centrada na Zona Oeste”, explicou o diretor financeiro da APESP, Luiz Antonio Pain.

Embora também haja preferência por Osasco, Pain acredita que o local também não atenderia todas as necessidades. “O terreno no km 18, onde seria construído o novo Ceagesp, é do Exército. Como vai desapropriar uma área que pertence ao Exército para fazer um Ceasa?”, questionou o diretor.

“Sem contar que lá é continuação da Avenida dos Autonomistas, o que vai gerar um trânsito muito grande para um local que já é complicado. O novo mercado deve ser próximo de uma rodovia e do Rodoanel, onde teria um fluxo superior e estaria fora das restrições de horário”, ressaltou Pain.

Terreno em Perus

Em 12 de março será realizado um chamamento público pelo governo estadual, que vai analisar propostas de quatro empresas envolvidas na construção do Novo Ceagesp. Um dos projetos é o NESP (Novo Entreposto de São Paulo), criado por um grupo de empresários e permissionários. A ideia é de que a administração funcione no modelo de convênio junto ao poder público. Inclusive, já foi comprado um terreno de 1,6 milhões de m² em Perus. Segundo o permissionário e sócio da Agro Comercial Bella Vista, Valentim Appolari, o custo das obras ficaria em torno de R$ 1,5 bilhão.

Projeto do NESP será apresentado em chamamento público

“O NESP seria um novo mercado e estaria localizado ao lado do Rodoanel, no km 29 da Rodovia dos Bandeirantes. O projeto elaborado é para que possa ser um entreposto muito moderno e ágil no ponto de vista logística”, explicou Appolari.

“Todo o projeto foi feito por permissionários. O NESP terá 900 mil m² de área construída, suficiente para erguer um mercado maior e melhor do que o atual Ceagesp”, salientou.

Tem que mudar

Segundo Luiz Antonio Pain, o atual Ceagesp está defasado não só em estrutura, mas em logística, segurança e higiene. “Hoje demanda muito tempo para fazer a carga e descarga, o cliente não acha lugar para estacionar, o carregamento fica caro e a estrutura física é ruim para guardar as mercadorias. Trabalhamos com mercadoria altamente perecível e não dá para guardar de um dia para o outro. Aqui tem telhas que atingem até 70º no verão”, criticou.

“Já estamos atrasados há duas décadas. O Ceasa foi construído para suportar a demanda de uma outra época. Nossas condições de trabalho são muito precárias. Rendemos metade do que poderíamos render se estivéssemos num outro mercado”, completou Valentim Appolari.

Já o diretor da APESP cita como exemplo a mudança do mercado de Paris para Rangis, em 1969. “Na época até o Exército precisou intervir por que ninguém queria sair. O mesmo acontece com a gente. Entendo que muitas pessoas fizeram a vida ali dentro, alguns estão há mais de 40 anos, mas tem que modernizar”, disse.

Appolari revelou ainda que os permissionários pagam, em média, R$ 110,00 por m² de área ocupada no Ceagesp. “O governo não coloca nada. Somos nós que pegamos tudo”, esclareceu.

 

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