Cineasta que resistiu à ditadura é homenageada em mostra de cinema

  • Por Agência Brasil
  • 29/11/2014 10h41
Agência Brasil A carioca Lúcia Murat é homenageada da Mostra Cinema e Direitos Humanos

“O cinema foi para mim, naquele momento, uma forma fundamental de sobrevivência”. A declaração da cineasta carioca Lúcia Murat faz referência ao período em que ela deixou a prisão, após três anos e meio, por resistir à ditadura militar. 

A cineasta é a homenageada deste ano da Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, que começa no dia 4, na capital paulista, e tem como tema desta nona edição os 50 anos do golpe militar de 1964.

“Quando saí [da prisão] era como recomeçar a vida”, relembrou. Nessa busca pela superação, a diretora produziu filmes que têm como traço comum a expressão de diversas formas de violência.

Lúcia foi militante do movimento estudantil e fez parte da resistência armada ao regime militar. Foi presa pela primeira vez em outubro de 1968, em um congresso estudantil, mas ficou apenas uma semana detida. Com a publicação do Ato Institucional 5 (AI-5), em dezembro daquele ano, Lúcia passou a viver na clandestinidade, mas foi encontrada e levada, em 1971, para o quartel da Polícia do Exército, onde funcionava o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). “Fui torturada por dois meses e meio”, contou. Espancamento, choques elétricos e abuso sexual foram algumas das torturas sofridas.

O curador da mostra, Rafael de Luna, lembra que a escolha do tema para esta edição corresponde também a um contexto atual. “Temos visto algumas manifestações com alguns absurdos, pedindo intervenção militar. Parece-nos muito pertinente trazer esse tema para uma discussão de cinema e direitos humanos”, declarou. 

Com entrada grátis, o evento apresenta filmes que abordam temas relativos aos direitos humanos, à população LGBT e enfrentamento da homofobia, às questões culturais e territoriais da população indígena, aos direitos da pessoa com deficiência, entre outros. Serão 41 filmes, todos com sistema closed caption e sessões que incluem audiodescrição, voltadas para pessoas com deficiência visual.

A mostra é promovida pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

 

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