Conselho de Administração da JBS rejeita pedido do BNDES e defende Wesley Batista na presidência

  • Por Jovem Pan
  • 28/08/2017 13h13 - Atualizado em 28/08/2017 13h38
Werther Santana/Estadão Conteúdo O BNDES havia pedido para que a empresa retirasse Wesley Batista do cargo de presidente-executivo

O Conselho de Administração da JBS afirmou nesta segunda-feira (28) que os pedidos do BNDES para que a empresa retirasse Wesley Batista do cargo de presidente-executivo, e a contratação de uma auditoria externa para apurar o que foi narrado em delações premiadas dele e de Joesley Batista seriam prejudiciais para o grupo.

Em meados de agosto, o banco havia dito que defenderia, em assembleia de acionistas da JBS, no dia 1º de setembro, a abertura de um processo de responsabilidades contra Joesley e Wesley e outros ex-executivos da empresa por “prejuízos causados à companhia”. O banco queria que o processo fosse aberto em 90 dias a partir da realização da assembleia e que fosse contratada auditoria externa independente para a apuração dos valores dos danos causados pelos crimes confessados pelos executivos.

Nesta segunda, o comunicado foi bem recebido por investidores. Nesta manhã, as ações da empresa lideravam as altas da Ibovespa.

O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, atrás apenas da família Batista. O banco é dono de 21% da empresa, enquanto os Batistas possuem 42% do capital da companhia. O restante fica nas mãos de acionistas minoritários.

“Há razões concretas que permitem crer que o impedimento do senhor [Wesley] Batista, consequência da ação de responsabilidade contra ele, seria neste momento prematuro e, portanto, prejudicial à companhia”, diz o comunicado da JBS. A empresa ressaltou ainda que não existem “elementos objetivos fundados em estudos e avaliações profissionais capazes de imputar ao senhor Wesley Batista a autoria de dano à companhia”.

Entre os pontos comunicados aos acionistas e mercado em geral, a JBS afirma, em comunicado, que medidas estão sendo adotadas pela Administração, à luz dos desdobramentos dos fatos relacionados ao Acordo de Colaboração Premiada com o Ministério Público Federal celebrado por executivos e administradores da Companhia, com o objetivo de assegurar a adoção das melhores práticas de governança corporativa, compliance e a proteção dos interesses da Companhia, e a apuração de eventuais prejuízos que tenham sido causados à Companhia.

As medidas são:

  1. Eleição de Tarek Farahat como Presidente do seu Conselho de Administração, em substituição a Joesley Batista.
  2. Eleição de Gilberto Xandó como novo membro para o Conselho de Administração, a ser ratificada pelos acionistas da Companhia na AGE, em substituição a Joesley Batista, que renunciou à sua posição de membro do seu Conselho de Administração e dos Comitês nos quais participava.
  3. Criação de uma Diretoria Global de Compliance, o qual responderá diretamente para o Conselho de Administração da Companhia.
  4. Contratação do escritório White & Case LLP para apoiar a condução e supervisão do desenvolvimento e implementação de um programa de compliance.
  5. Criação de um Comitê de Governança, liderado e presidido pelo Presidente do Conselho de Administração da Companhia.
  6. Mudança na linha de reporte da área de Risk Management da Companhia.
  7. Autorização para contratação de empresa de consultoria, especializada e independente, para avaliação dos trabalhos e controles da área de Risk Management da Companhia.
  8. Apresentação de programa de desinvestimentos de ativos da Companhia (“Programa de Desinvestimentos”), com o qual se estima uma entrada de recursos de aproximadamente R$6 bilhões.
  9. Definição de novas composições para o Comitê de Auditoria, Comitê de Sustentabilidade, Comitê Financeiro e de Gestão de Riscos e Comitê de Partes Relacionadas.
  10. Celebração do Acordo de Estabilização entre a Companhia e aos bancos comerciais que viabilizará o alongamento da dívida da Companhia com bancos no Brasil
  11. Criação do Comitê Executivo de assessoramento para o Conselho de Administração e Diretoria.
  12. Aprovação do Plano de Trabalho do Programa de Compliance “Faça Sempre a Coisa Certa”.
  13. Nomeação de Alfred “Al” Almanza como Diretor Global de Segurança Alimentar e Garantia da Qualidade.
  14. No contexto da celebração do Acordo de Leniência entre a J&F Investimentos S.A. (“J&F”) e o Ministério Público Federal, em 5 de junho de 2017, obtenção de orientação jurídica junto a seus assessores legais, quanto às medidas cabíveis para possibilitar o acesso antecipado pela Companhia aos termos e condições do Acordo de Leniência.

Procurada pela Jovem Pan, a assessoria de imprensa do BNDES afirmou que não está se manifestando sobre o assunto e que já divulgou seu voto sobre o que irá defender na assembleia.

 

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