Diretor da ABRAMGE cobra ação sobre máfia das próteses: “apenas mandar para a PF é bobagem”

  • Por Jovem Pan
  • 16/07/2017 14h34 - Atualizado em 16/07/2017 16h48
Pedro Ventura/Agência Brasília A Zimmer Biomet Holdings admitiu pagar propina a médicos e hospitais públicos do SUS para eles recomendarem e comprarem produtos fabricados pela empresa no lugar de outros mais baratos

No último mês, um escândalo envolvendo uma das maiores fabricantes mundiais de joelhos e quadris artificiais movimentou a área da saúde brasileira. A Zimmer Biomet Holdings admitiu pagar propina a médicos e hospitais públicos do SUS para eles recomendarem e comprarem produtos fabricados pela empresa no lugar de outros mais baratos. O caso ficou conhecido a “máfia das próteses”.

Com exclusividade ao repórter Jovem Pan Felipe Palma, o diretor da Associação Brasileira dos Planos de Saúde (ABRAMGE), Pedro Ramos, afirmou que vem trabalhando há três anos incansavelmente para combater o esquema.

Direto de Nova York, ele afirmou com ao repórter que causa estranheza o governo não fazer nada com relação ao assunto, já que, assim como a iniciativa privada, também é lesado. “Essa última medida do ministro (Ricardo Barros) de apenas mandar para a Polícia Federal é pífia. É uma bobagem. Não que não tivesse que mandar para a PF, teria. Mas ele teria, no mínimo, que convocar essa empresa no seu gabinete para que ela dissesse quem são os médicos que estão roubando do governo dele. Se ele fizesse isso, ele iria colaborar com a Polícia Federal, ia colaborar com todo mundo”, esbravejou Ramos.

“E se a Zimmer se recusasse a fazer isso, ele suspenderia a Zimmer. Porque eu não entendo como o governo do Brasil compra de uma empresa que rouba o governo do Brasil”, completou.

De acordo com o diretor da ABRAMGE, é necessário saber quem são os médicos envolvidos no esquema, já que eles trabalham para o governo e pra iniciativa privada.

“Eu repito: a Zimmer fazia contrato no setor público e no privado. E aqui os Estados Unidos zomba de nós brasileiros. O Brasil passou um vexame internacional e não fez nada”, desabafou.

Entenda o caso

A Jovem Pan teve acesso a documentos da Justiça (VEJA) onde a americana Zimmer Biomet Holdings admite pagar suborno em troca de facilitação nas vendas. Segundo a empresa, o esquema que começou em 2000 funcionou por 8 anos.

Mas, na verdade, continuou operando apesar da assinatura de uma espécie de acordo de leniência baseado na lei americana anticorrupção. Eles chegaram a pagar uma multa criminal de mais e US$ 17 milhões. As “comissões” giravam em torno de 10% a 20% e eram pagas aos médicos que atuavam no sistema público de saúde para dar preferência às próteses fabricadas pela empresa.

Para dar uma dimensão do tamanho da propina, a variação de preços de uma mesma prótese em diferentes Estados passa de 3.000%, segundo estudos da ANVISA. No acordo, onde se compromete a não negar as acusações ao público ou perante qualquer tribunal, a Zimmer garante que o maior esquema de propina era operado aqui no Brasil.

*As informações são do repórter Felipe Palma

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