Dispersão dos megablocos “empurra” foliões para regiões de hospitais em SP

  • Por Estadão Conteúdo
  • 14/02/2018 10h09 - Atualizado em 14/02/2018 10h12
RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Segundo a Prefeitura, moradores e parentes de pacientes relataram um cenário caótico

A dispersão dos megablocos da Avenida 23 de Maio demorou cerca de duas horas na noite desta terça-feira, 13, e acabou “empurrando” os foliões para a Rua Maestro Cardim, endereço de três hospitais particulares na região central de São Paulo.

Mais de 100 policiais militares e guardas civis metropolitanos escoltaram os 270 agentes de apoio da Prefeitura e da empresa organIzadora do carnaval de rua paulistano que tiveram de retirar a multidão que havia acompanhado a passagem dos blocos Os Invertidos, Que Casar Que Nada e Agrada Gregos.

O trabalho começou às 20h, quando as caixas de som do trio elétrico foram desligadas. Dezenas de garis começaram a varrer a 23 de Maio, acompanhados de caminhões-pipa que lavavam a via, enquanto um cordão de agentes de apoio ia enxotando os foliões mais persistentes em direção às saídas que culminavam na Avenida Bernardino de Campos e na Rua Maestro Cardim.

Via de entrada dos hospitais Sancta Maggiore, Beneficência Portuguesa e Oswaldo Cruz, a Maestro Cardim começou a ficar entupida de gente, com jovens dançando e bebendo no meio da rua. No último domingo, 11, quando mais de 1 milhão de pessoas foram à 23 de Maio, segundo a Prefeitura, moradores e parentes de pacientes relataram um cenário caótico.

“O barulho até que acaba cedo o problema é a concentração de gente, que fecha a rua e você não consegue chegar em casa e as ambulâncias não chegam no hospital. Tinha gente desmaiada na porta de casa, muito jovem alcoolizado”, contou Antonio Favano, de 55 anos, morador da Maestro Cardim.

“Onde já se viu organizar carnaval em volta de hospitais. Sou testemunha ocular dos caos que ficou isso aqui. O barulho, o lixo, um monte de jovem bêbado, alguns tentaram invadir o hospital para usar o banheiro. No domingo, a rua ficou fechada e uma senhora teve de descer andando de cadeira de rodas para entrar no hospital porque a ambulância não conseguia passar”, reclamou a publicitária Márcia Regina, de 52 anos, que acompanhava a mãe de 86 anos internada com câncer no Hospital Santa Maggiore.

Nesta terça-feira, porém, com o número menor de pessoas, menos ambulantes vendendo bebidas alcoólicas e nenhuma caixa de som ligada na rua, em decorrência de uma maior fiscalização policial, a aglomeração foi menor e as ambulâncias conseguiam passar com menos dificuldade.

Às 23h, alguns grupos de jovens ainda dançavam nas calçadas da via, mas causando menos transtorno aos moradores. Por volta das 22h, a 23 de Maio já estava livre de foliões e a Prefeitura terminava a retirada das grades e a limpeza da via, que foi reaberta ao trânsito na madrugada desta quarta-feira, 14, após três dias fechada.

No próximo sábado, 17, a 23 de Maio, que estreou neste ano como endereço do carnaval de rua paulistano, por decisão da gestão João Doria (PSDB), volta a receber os megablocos. Serão três ao todo, com destaque para o bloco da cantora baiana Claudia Leitte.

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