Eleições na USP: Maior desafio será manter as contas em ordem, afirma Vahan Agopyan

  • Por Jovem Pan
  • 26/10/2017 20h30
Reprodução-Facebook Vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, afirma que a atual gestão enfrentou o segundo maior desafio na história da Universidade

A Jovem Pan dá prosseguimento em sua série especial de entrevistas sobre as eleições na USP. Após a escolha da lista tríplice que vai compor o pleito, o próximo reitor será nomeado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em 30 de outubro, e vai comandar a Universidade no período de 2018 a 2022.

O atual vice-reitor e candidato da Chapa 1, Vahan Agopyan revela que o principal desafio das próximas gestões será a manutenção do equilíbrio das contas, uma vez que a USP passa por sua maior crise da história.

Atualmente, a USP recebe 5% do ICMS arrecadado pelo governo do Estado. Mas 90% do orçamento, R$ 380 milhões, é destinado ao pagamento da folha salarial. De acordo com Agopyan, o aumento do repasse está em pauta, entretanto também é preciso um esforço maior da sociedade. “Essa é uma iniciativa que todos os reitores sempre tiveram. O grande problema é que na disputa desse percentual há outras variáveis muito fortes. Por isso, que nossa chapa tem como objetivo uma inserção maior da sociedade para que possa entender melhor a importância da USP e demais universidades paulistas para desenvolvimento do estado”, afirmou.

“Só conseguiremos convencer o estado se a sociedade também estiver convencida”, ressaltou o atual vice-reitor.

Entre seus principais projetos estão manter a excelência, aumentar a inserção social e aumentar a valorização dos recursos humanos.

Formas alternativas de financiamento

Agopyan revelou que outra forma de conseguir um alívio nas contas está na transferência de algumas despesas que não são de responsabilidade exclusiva da USP. Como exemplo, ele citou o Hospital de Bauru, que passará para a administração pública em 2018.

“Além do ICMS, vamos continuar nossas tratativas para que algumas atribuições do Hospital Universitário (HU), que atende a região oeste da cidade, também tenha contribuição e responsabilidade das Secretárias da Saúde”, reiterou.

Reestrututaração do HU

Visto como Modelo, o Hospital Universitário atende quase 6 milhões de pessoas, porém tem sofrido com a sobrecarga que retira o caráter acadêmico, além de atrapalhar no andamento das funções de professores e alunos. “ Na verdade, o que aconteceu é que três hospitais da região fecharam. O HU não tem condições de ser o único da região para atender uma população de quase 6 milhões de pessoas. O que acontece é que teremos que fazer essas parcerias com o município e o estado para que arquem com essa responsabilidade”, sintetizou Agopyan.

“Precisamos do apoio do Estado e do Município. O HU faz a parte assistencial, mas tem suas atribuições acadêmicas”, completou.

Criação de um conselho consultivo e fundo patrimonial

Indagado sobre a proposta de um conselho consultivo e do fundo patrimonial, o candidato não descarta totalmente a ideia, mas acredito que o fundo não é possível no curto prazo. “Fundo patrimonial é muito importante, mas é de longo prazo. Os fundos começam a ter certo volume de recursos após 10, 20 anos. Aqui na USP, o fundo que está mais desenvolvido no estado é o da Politécnica, que já tem cinco anos. Não dá pra imaginar o fundo patrimonial atendendo ou ajudando a Universidade em curto prazo. Mas tem que começar”, ponderou o atual vice-reitor.

Já sobre o conselho consultivo, Agopyan disse a prática já existe e tem ajudado na tomada de decisões em conjunto.

Restauro do Museu Paulista

Um dos desafios da próxima gestão que vai comandar a USP entre 2018-2022 é a reabertura do Museu Paulista, o Museu do Ipiranga, que está fechado desde 2013. A expectativa é que o local possa receber o público em 2022, data em que será comemorado o Bicentenário da Independência. “Ganhamos o apoio estratégico da comunidade das Mulheres do Brasil e acredito que estamos no caminho, mas o prazo está bem curto e temos que correr para que possamos comemorar o Bicentenário no próprio Museu”, reconheceu.

Agopyan destacou que o cronograma das obras está bem adiantado, principalmente por conta do aporte de recursos extraorçamentários.

Creche

Já sobre a reativação das creches, o atual vice-reitor disse que o fechamento de uma unidade não tem impactos significativos. “No auge a USP atendia nem 10% da demanda. As creches não atendem a comunidade e mesmo no auge recebíamos no máximo 600 crianças. Atualmente, temos mais 4 mil crianças que recebem o auxílio-creche porque a USP não tem onde colocar. Será mantida porque tem fins acadêmicos”, afirmou.

Indagado sobre o fechamento da segunda unidade, Vahan Agopyan destacou que manter duas creches próximas “não seria muito inteligente do ponto de vista administrativo”.

Avaliação atual da gestão

Vice-reitor, Agopyan íntegra o grupo do atual reitor Marco Antônio Zago. Para ele, Zago tem enfrentado grandes desafios, principalmente por conta do risco de retirada da autonomia financeira e administrativa da USP. “Isso significaria uma mudança no patamar de qualidade e das atividades. Felizmente, na gestão do Zago foi possível vencer esse risco”, frisou.

O candidato da Chapa 1 relembrou ainda que a atual gestão tem sido responsável pela união entre alunos e docentes, uma vez que a redução dos custos foi tomada em consenso.

Queda no ranking

Após perder o posto de melhor Universidade da América Latina, em ranking elaborado pela Revista Times Higher Education, a USP enfrenta sua pior crise financeira e institucional, mas minimiza a eleição. “Primeiro que fico contente que seja uma universidade pública estadual liderando, a nossa co-irmã Unicamp. Todos os rankings têm seu viés. A USP foi colocada como melhor universidade Ibero-Americana nesse mesmo ranking. Nos critérios internacionais, a USP tem tido um desempenho melhor. São critérios validos e importantes que a gente analisa, assimila e leva em conta”, resumiu o candidato a reitor.

“Rankings são importantes, mas como Universidade Pública nós temos obrigação de oferecer à sociedade as melhores condições de ensino e pesquisa equivalente as melhores do mundo”, contemporizou.

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*Com informações da repórter Carolina Ercolin

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