Expansão do PCC é a razão para confronto entre facções criminosas, diz promotor

  • Por Tiago Muniz/Jovem Pan
  • 19/10/2016 17h12
Reprodução/Google Maps Entre os mortos no confronto dentro do presídio de Roraima

A expansão do PCC é o principal motivo para o confronto entre o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho (CV). A análise é de Lincoln Gakiya promotor do núcleo de Presidente Prudente do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ele ofereceu denúncia contra líderes do PCC com 175 pedidos de prisão em 2013.

Para o promotor, os embates entre o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho são motivados por uma estratégia expansionista do PCC. Ele afirma que a facção paulista está enfrentando grupos como a Família do Norte (FDN), do Amazonas, o Bonde dos Quarenta, do Maranhão e o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) para ter o domínio do tráfico nestes e em outros estados.

Com isso, os bandos regionais ficaram acuados e buscaram aliança com o Comando Vermelho, que mantinha uma espécie de acordo de cavalheiros com o grupo de São Paulo. O promotor Lincoln Gakiya afirma que o PCC tem como objetivo se tornar a principal facção do Brasil e monopolizar o tráfico e o crime organizado como um todo.

“O PCC tem um plano de se tornar hegemônico em todo o país. Na minha opinião, está havendo na verdade uma guerra por pontos de tráfico de drogas localizados em outros estados em que essas facções rivais não querem admitir a entrada do PCC e acabaram se aliando com o Comando Vermelho”, afirma.

O promotor conta que nas últimas semanas o Primeiro Comando da Capital já havia emitindo comunicados aos integrantes, os chamados “salves”, informando da desavença com o grupo fluminense. Lincoln Gakiya afirma que o PCC teria recorrido a líderes do Comando Vermelho para que intermediassem tréguas nos conflitos locais, mas não tiveram resposta, o que teria gerado o estopim para o confronto direto.

“Eles teriam feito contato com o Marcinho VP e com o Elias Maluco, que estão em penitenciárias federais, reclamando de conflitos localizados em outros estados, mas que não teriam tido resposta. Esta é a versão que é apresentada aí pelo PCC pelos próprios integrantes do sistema”, diz.

No último domingo, rebeliões em presídios de Roraima e Rondônia terminaram com dezoito detentos mortos. O secretário de justiça de roraimense, Uziel Castro, confirmou à Jovem Pan na segunda-feira que no caso de Boa Vista a motivação foi de fato o confronto entre PCC e Comando Vermelho.

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