Movimentação em offshore reabre caso sobre morte de Henry Maksoud; herdeiro fala em testamento fabricado

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2016 18h05
Brasil, São Paulo, SP. 04/08/2008. Henry Maksoud, proprietário do Hotel Maksoud Plaza, posa para fotografia em São Paulo. - Crédito:VIVI ZANATTA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Código imagem:162710 VIVI ZANATTA/ESTADÃO CONTEÚDO Henry Maksoud

Em 14 de abril de 2014, havia uma denúncia de que Henry Maksoud, um dos maiores empresários do Brasil, dono do Hotel Maksoud, ex-proprietário da construtora Hidroservice, estaria sendo mantido em cárcere privado em sua própria residência na Chácara Flora, em São Paulo.

Três dias depois, Maksou morreu. As circunstâncias da morte têm sido investigadas pela polícia. Os filhos suspeitam de morte induzida.

Papéis dos “Pana Papers” divulgados pelo Consórcio de Jornalistas Investigativos (ICIJ) neste fim de semana mostram que uma offshore no Panamá movimentou dinheiro de Henry Maksoud muito tempo depois de ele morrer. Ou seja, os papés o “ressuscitaram”.

Maksoud casou com sua ex-manicure, detentora da maior parte do espólio. Litigam hoje na justiça a ex-esposa e seu filho, também chamado Henry, e, do outro lado, os filhos Claudio e Roberto Maksoud.

O caso foi reaberto. O perito Ricardo Molina foi contratado para analisar a papelada.

Roberto Maksoud, fiho de Henry Maksoud, falou com exclusividade à Jovem Pan. Ele nunca tinha tocado publicamente nessa história que envolve a fortuna de cerca de R$ 500 milhões.

Leia os principais trechos e ouça a entrevista completa no áudio do começo do texto:

Offshore

“Essa história é a ponta de um iceberg. Meu pai foi maltratado, vilipendiado no final da vida, tudo por causa de dinheiro. Essa suposta fraude já está sendo investigada. Procurei o banco J. Safra, (…) quando tomei conhecimento dessa suposta armação (da movimentação na offshore)”.

“Solicitei (ao banco) que cancelassem a conta deles por possíveis irregularidades. Informaram que já enviaram o caso para o jurídico do banco”.

Herança

“A sucessão do meu pai é bem complicada. Nós temos um papeluxo, uma coisa sem pé nem cabeça que teria supostamente sido assinado por ele. Um papel simples com formatação porca, acentuação errada, que teria sido assinada por ele. Meu pai era uma pessoa extremamente formal. O mínimo que ele iria pedir para um documento dessa importância, que é o futuro da empresa dele, o futuro da família, que pelo menos levasse ao cartório e autenticasse o documento, o que ele não fez”

A morte

“Tem um inquérito policial no DHPP que busca apurar as circunstâncias da morte do meu pai. Há provas e testeminhas contundentes de que eram cometidas violências contra ele, que era mantido dopado, principalmente por ritrovil”.

“Torna-se mais grave esse suposto crime quando a vítima era um idoso de 85 anos, indefeso e portador de demência e alzheimer. Ele era absolutamente indefeso nessa situação”

“Abrimos um processo para comprovar que esse papeluxo que chamam de testamento, sem nenhuma certificação de cartório, foi fabricado”.

“Nós, pessoalmente, acreditamos que o testamento teria sido fabricado no período imediatamente anterior à sua morte, alguns anos ou mesmo até dias antes de ele ter morrido. Temos uma série desconfiança de que ele pode ter sido até obrigado a falsificar o documento, se essa assinatura não foi falsificada”

Entrevista realizada pelo jornalista Claudio Tognolli

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